A SOCIEDADE DO MEDO
O mundo atual vive sob o signo do medo: medo de roubos, medo de ser morto por alguma bala perdida, assaltos, alagamentos, abalo sísmico. Por isso as famílias se defendem como podem: cadeados contra roubos, cachorros, cerca elétrica, vigias de rua, vigias eletrônicos....
A liturgia de hoje também parece motivada pelo medo, do qual fala cinco vezes: na história de José (duas vezes) e na palavra de Jesus, no evangelho (três vezes).
Todas às vezes em que esta palavra aparece, porém, é para combater o medo e nos dar tranquilidade.
Mas, ao contrário do que poderíamos pensar, o tema permitido pela Eucaristia de hoje, não é, nem o medo, nem a tranquilidade, mas o fundamento último desta tranquilidade, que é O AMOR CARINHOSO DE DEUS-PAI POR NÓS.
1. JOSÉ PROTÓTIPO DO AMOR DO PAI
Após a morte de Jacó (Israel), os irmãos de José ficaram com medo deste, agora, se vingar do crime hediondo que eles haviam feito com ele e vieram pedir-lhe perdão, prostrando-se diante dele e colocando-se como seus escravos. José emocionou-se ante esta atitude, chorou e, ao contrário de uma atitude de vingança, ou mesmo de castigo, não só os perdoou, mas, falando com doçura e mansidão os tranquilizou, dizendo, "Não tenhais medo ! Eu vos sustentarei e a vossos filhos" Continuou vivendo com eles no Egito e pediu que, quando eles voltassem para sua terra, após sua morte, levassem seu corpo para ser enterrado na terra deles.
José se mostrou, assim, mais um vez, no Antigo Testamento, protótipo do Novo, quando Deus, no seu amor misericordioso e carinhoso de Pai não só perdoa, mas vem a terra sob forma humana (Jesus) vive nossa vida e morre por nós. "Assim Deus amou o mundo que nos deu seu Filho unigênito" (Jo. 3,16; 1Jo.4,9; Fl.2,6-11)
Aí está a razão básica, que nos deve manter tranquilos em toda e qualquer dificuldade, que possa nos assaltar em nosso caminho, como bem diz São Paulo: "Quem nos poderá separar do amor de Cristo ? A tribulação? A angústia ? A perseguição ? A fome ? A nudez ? O perigo ? A espada? ...Por tua causa somos postos à morte o dia todo. Somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vendedores, por meio daquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem os poderes, nem as forças das alturas ou das profundezas, nem qualquer outra criatura, nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm.8,35-39)
Somos como a criança no colo do Pai, dormindo tranquila. O Pai é sua segurança. Ele deixaria acontecer que algo ou alguém lhe fizesse mal? Deus nos ama e quer nosso bem, mais do que um pai. Temer o que!? Ele não permitirá que algum mal nos aconteça.
Por isso Ele recrimina duramente os apóstolos, apavorados, no meio da borrasca, com medo do barco afundar, sabendo que Ele estava alí, embora dormindo: "Homens sem fé" (Mc.4,35-41).
Para tranquilizar os Apóstolos Jesus, no evangelho de hoje, apresentou mais quatro razões:
2.1. NINGUÉM MAIOR QUE O MESTRE. O máximo que o discípulo pode almejar é ser igual ao mestre, nunca superior. Se perseguiram a Cristo, por que se admirar, quando nos perseguem ?! Isto até deve ser considerado honra, porque prova que estamos no rumo certo. Somos semelhantes a ele.
Um bispo, um dia, num retiro de Padres, nos disse "Senhores Padres, tomem cuidado, quando vocês agradam todo mundo. tenham certeza de que não estão agradando a Jesus Cristo, por que ele não agradou todo mundo”.
PERNAS CURTAS. Mais cedo,ou mais tarde a verdade aparece e se fará justiça
2.3. MATAM O CORPO, MAS NADA PODEM CONTRA A ALMA: Já Santo Irineu dizia: "O sangue dos mártires é semente de novos cristãos". Os perseguidores e assassinos são impotentes em face à verdadeira vida."A neve e as tempestades podem matar as flores, mas nada podem fazer contra as sementes" (Luiz Saro).
2.4. VALEIS MAIS
Indo mais longe, Jesus mostrou que se Deus cuida com carinho de animais, como o urubu e os pardais e de plantas a quem ninguém dá valor, como não cuidará de nós e não protegerá a nós que valemos muito mais do que um simples pardal ou uma frágil flor do campo, que agora está viçosa, mas daqui a algumas horas murcha e seca. (Lc.12,2-9.22-31)
2.5. NOSSO ADVOGADO
Finalmente nossa tranquilidade está garantida por termos um advogado para defender nossas causas: Cristo. Se nós o confessarmos e defendermos diante dos homens, Ele nos defenderá diante do Pai.
2.6. O AMOR DE DEUS PAI E OS RIBEIRINHOS
Esta verdade do amor de Cristo por nós, que a liturgia de hoje, nos apresenta, é válida para todas as pessoas, mas muito mais para os Ribeirinhos, sobre cujas inúmeras dificuldades já falamos e conhecemos. Que esta palavra forte de Cristo expulse todo medo que possamos ter e aumente a fé, a confiança e a certeza da proteção de Deus:
- Não queiramos ser maiores e diferentes do mestre.
- A mentira tem pernas curtas.
- Valemos mais do que um miserável pardal e a flor do campo.
- Nossos inimigos são impotentes contra a verdadeira vida.
- Temos um advogado junto Deus!
NEM DE NINGUÉM !
MÃE RIBEIRINHA ROGAI POR NÓS !
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