quarta-feira, 13 de julho de 2011

TEXTOS; Is. 49,1-6; At.13,22-26; Lc.1,57-66.80

Na semana da Santíssima Trindade, a Igreja, através da Liturgia, nos propõe, hoje, a pessoa de João Batista.
    Esta importância, dada pela Igreja, se comprova pelo fato de ser ele, depois de São José, o único santo agraciado com duas celebrações: esta, do dia 24/06, comemorando seu nascimento e 29/08, seu martírio. Esta importância é devida ao fato de sua missão, no contexto da história da salvação, como precursor de Jesus. São João Batista  também é importante, por ser o último na série dos 18 Profetas do Antigo Testamento.   
A relação de João Batista com a Santíssima Trindade, que é o ponto de referência desta semana, está no fato de sua vocação estar intimamente ligada a pessoa e missão de Jesus e, por Jesus, ao Pai e ao Espírito de Jesus, uma vez que, como já vimos, que as ações-relações de cada uma das três não são ações-relações não são herméticas e isoladas, ou individuais mas profundamente inter-individuais: Cristo é o mesmo Pai, que veio ao mundo em forma humana e o Espírito Santo é o mesmo Jesus, que voltou à terra, em forma invisível, depois de sua ascenção ao céu.
    Podemos ver, em João Batista o modelo do missionário. Traços de sua pessoa. Finalidade de sua vocação. Também ele um profeta.


     1. JOÃO BATISTA MISSIONÁRIO, POR QUE ?
     Por que, como todo missionário, prega a quem não foi anunciado o Evangelho e, portanto desconhece e não fez opção pelo Cristo.
     No caso de João, podemos chamá-lo de PRÉ-MISSIONÁRIO, por que ele não desenvolve uma evangelização fundamental, mas prepara o povo para acolher Cristo e a renovação, por Ele proposta, aí sim, através  de  um  trabalho de evangelização fundamental, pela apresentação de seu Evangelho. Assim, João dá o verdadeiro, origem profundo sentido do profeta-missionário de missionário-profeta, que é: acolher e fazer acolher, fazer opção e ajudar a fazer opção. Aderir e fazer aderir à PESSOA de Cristo e não fazer opção, acolher, aderir a VERDADES a respeito dele.

2. VOCAÇÃO MISSIONÁRIA
            2.1. João Batista nos lembra  a vocação pela qual Cristo convoca a cada um de nós, para um serviço específico, embora o Espírito seja um só, à moda do corpo, composto de vários membros, mas todos concorrendo para a formação de um só corpo. (1Cor, l2,1-11)
         2.2. É um chamado, que não é escolha, inclinação, ou interesse individual, mas nasce do próprio Cristo (jo.1,13), que nos conhece e chama pessoalmente, "pelo nome",  já antes do nosso nascimeno (Is. 49.1; Jer. 1,5; 1Sm. 3,1-21). Para mostrar isto Deus e Cristo dá, ou muda o nome da pessoa, como aconteceu com Abraão, que se chamava Abrão, com o próprio João Batista, cujo nome causa admiração em amigos, vizinho e parentes, uma vez que não havia, na sua família, ninguém com este nome. Lc.1,61)

3. A PESSOA DO MISSIONÁRIO
         3.1. Como João Batista, o missionário é um homem comum. Como todos imperfeito. Como muitos, pecador. "Homem tirado do meio dos homens" (Hb.5,1-4), que não nasce perfeito, mas tem que se desenvolver, como qualquer pessoa até Jesus (Lc.1,80).
         3.2. Mas não é qualquer um. Como escolhido pessoal de Deus, ou de Cristo, é alguém muito especial: "Luz das nações. Flecha aguçada, escondida na aljava do Senhor e gloria a seus olhos" (Is. 49,2.5.6) Concebido de uma mãe idosa e, por isso, estéril. De um pai, além de idoso, descrente e, por isso castigado, ficando mudo e que teve a restituição da fala por ocasião do nascimento de João. (Lc.1,64)
         3.3. Nem por iso, porém, a exemplo de João o missionário se orgulha de sua posição e reconhece seu lugar. Desiludindo totalmente o povo, afirma não ser o que erroneamente pensavam:  não era o Messias: "Não sou o Cristo (Jo. 1,19-20, nem o Messias que estava para vir e do qual não era digno nem de desatar as sandálias (At. 13,25; Lc.3,15-17) Quando Jesus assumiu, prá valer, seu ministério, João, reconhecendo que sua missão chegara ao fim, disse "É preciso que ele cresça e eu diminua e desapareça" (Jo. 3,25-30) 
    Assim também o missionário deve reconhecer o seu lugar de precursor e não Messias.
         3.4. HOMEM AUTERO E DE PERSONALIDADE FORTE.
     João vive no deserto. Veste-se de pelo de camelo e cinto de couro. Alimenta-se de gafanhotos e mel silvestre. (Mt. 3,9). Vive em lugares desertos entre animais ferozes (Lc. 1,80)
     De niguém Jesus teceu elogios, a não ser dele: "Que fostes ver no deserto ? Um caniço agitado pelo vento?... Um homem vestido com roupas finas ?...Que fostes ver ?.. Um profeta.... e mais que um profeta. Eu digo a vocês, entre os nascidos de mulher ninguém és maior do que ele ! (Lc 7,24-28)
3.5. HOMEM DE DEUS                                             
    Por ser escolhido, especialmente, por Cristo, ou por Deus, para uma missão divina, o missionário, por desejo do mesmo Deus e Cristo, tem que se esforçar por ser servo de Deus e de Cristo. Homem segundo seu coração. Se de todo Cristão Cristo exige que seja perfeito como o Pai celeste e santo como Ele (Mt. 5,48; Lv. 11,45), muito mais do missionário.
 3.6. DENÚNCIA CORAJOSA (Parecia)
    O missionário, como João, é aquele que proclama, em alto e bom som, a verdade, mesmo que seja denúncia do erro e doa em quem doer. Herodes, REI se acasalou com Herodíades, mulher de seu irmão. João o denunciou: "Não lhe é permitido se casar com a mulher de seu irmão Filipe". Esta denúncia corajosa lhe custou a vida. Herodes, que o admirava e temia,ao mesmo tempo, teve que prendê-lo e decapitá-lo, por caua de Herodíades. (Jo. 3,18; Mc. 6,17-29)
    Por amor à justiça e à verdade o missionário não pode temer, mas, também, não deve se expor imprudentemente à morte. Segundo o provérbio popular: "Mais vale um burro vivo, do que um leão morto".

 4. A MISSÃO DO MISSIONÁRIO 
   Como João Batista, o missionário deve ser:
         4.1. TESTEMUNHO: Muito antes e muito mais que a palavra falada é necessária a palavra vivida (Jo. 1,6-9) "As palavras convencem e comovem. Só a vida e o testemunho arrastam", "Já temos muitos pregadores. Agora precisamos de vida e testemunhos" (Papa João Paulo II) "Não é aquele de diz Senhor ! Senhor, que entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do Pai" (Mt. 7,21-23).

     4.2. PALAVRA: Semelhante a uma "espada afiada e flecha aguçada" (Is49,2), a palavra é o caminho da fé: "Como poderão acreditar se não ouviram falar dele ? E como poderão ouvir, se não houver quem o anuncie? Como poderão anunciar se ninguém for enviado... Como são belos os pés daqueles que anunciam o Evangelho... A fé depende, portanto da pregação e a pregação é o anúncio da palavra de Cristo" (Rm. 10,14-18) "Estou colocando minhas palavras em sua boca" (Is. 1,9)
     É através desta palavra que veicula a mensagem da salvação.
 5. OBJETIVOS DESTE TESTEMUNHO E PALAVRA
     5.1. NEGATIVOS: Esta palavra e testemunho visam ajudar aquele, que recebe a palavra, a promover, em si, a morte do velho homem, ou  velho fermento, sepultando-o com Cristo e em Cristo. (Rm. 6,4-14; Ef. 6,20-32; 1Cor. 5,7-8)
    É esta  missão do missionário que, em Jeremias, Deus identifica como "arrancar", "Arrasar", "Demolir", "Destruir" (Jr. 1,10), preparando os caminhos do Senhor. (Lc. 6,16)
     5.2. POSITIVOS: Assim como Cristo não parou na morte e no túmulo, mas ressuscitou, assim também, pelo missionário, não pode ficar satisfeito com estes aspectos puramente negativos da conversão, mas deve perseguir seus aspectos positivos, levando, quem recebe a missão e se converteu a desenvolver, em si, o processo de ressurreição, em e com Cristo, transformando-se em nova nova massa (1Cor.5,7-8), como vemos nos mesmos textos, sob as figuras, em Jeremias de: "Construir", "Plantar", "Recuperar o fraco" (Jr, 1,10) e em João Batista "aterrar vales", "aplainar montes e colinas", "retificar", "endireitar, eliminando s curvas" (Lc.2,3-6) e Paulo caracteriza como "novo homem", ou "novo fermento" (Rm.6,4-11; Cl. 4,22; 1Cor.5,7-8; Ef. 6,20-32)
    É importante e necessário lembrar que os dois movimentos, ou processos, nãosão dicotómicos e separados, mas sincrônicos, dando-se ao mesmo tempo. Cristo, ao mesmo tempo que morre ressuscita.
     6. A CRUZ MISSIONÁRIA
     Como tudo o que é de Cristo,vem com a marca da cruz, a vida do missionário não pode ser diferente.
    Assim como seu trabalho tem um aspecto negativo, de questionar, criticar e, muitas vezes, também condenar, sofre, também  reações negativas, como hostilidade, medo, indiferença (Lc.7,9; 1,65). E isto acontece muitas vezes, principalmente quando,  por interesse, só se fixam nestes aspectos negativos. É a postura dos fariseus e daqueles, que dão ouvido a falsos profetas. (Mt.7,15-23). "Mas os fariseus e os doutores da lei, rejeitando o batismo de João, tornaram inútil, para si mesmo, o projeto de Deus" (Lc. 7,30) 
     É esta reação que provoca no missionário a sensação de inutilidade, de estar falando no vazio ("deserto"), "cavando buraco na água", ou "dando milho para burro que não quer comer" "Que utilidade haverá no meu sangue ?!"(Sl.30 (29) 10), levando ao desânimo e desejo de desistir.
    Por outro lado, os que não se fixam nos aspectos negativos da ação missionária, mas compreendem e assimilam seus aspectos positivos: alegram-se (Lc.1,59). Dão-lhe ouvidos (Lc.7,29) "Todo o povo e até mesmo cobradores de impostos, deram ouvidos à pregação de João. Reconheceram a justiça de Deus e receberam o batismo (Lc. 7,29) Outros, como Herodes, sofriam a esquizofrenia do reconhecimento da verdade, que João pregava e admiração por ele rconhecendo-o um homem justo e santo...ouvindo-o perplexo, mas de boa mente e o ódio, desejando matá-lo, por causa de sua acusaçao de adultério. (Lc. 6,17-20)
    Igualmente Pilatos, vive a mesma esquizofrenia, reconhecendo que Jesus é inocente das acusações levantadas contra ele, mas obrigado a condená-lo, frente às exigências dos judeus e o medo do Imperador. Saiu,como todo covarde, pela tangente, mandou vir água e lavando as mãos, jogou toda a responsabilidade, da morte de Jesus, nas costas do povo. (Jo. 18, 29-19,16; Lc. 23,1-25; Mc. 15,1-15: Mt.27,11-26)

Esta reflexão continuará...... na próxima postagem.....

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