quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

INCENTIVO DE ANO NOVO

Quatro velas estavam queimando ruidosamente, calmamente. O ambiente estava tão silencioso que podia-se ouvir o diálogo que travavam.
A primeira vela disse: - Eu sou a Paz ! Apesar de minha luz as pessoas não conseguem manter-me, acho que vou apagar. E diminuindo devagarzinho, apagou totalmente.
 A segunda vela disse: - Eu me chamo ! Infelizmente sou muito supérflua. As pessoas não querem saber de mim. Não faz sentido continuar queimando. Ao terminar sua fala, um vento levemente bateu sobre ela, e esta se apagou. Baixinho e triste a terceira vela se manifestou: - Eu sou o Amor! Não tenho mais forças para queimar. As pessoas me deixam de lado, só conseguem se enxergar, esquecem-se até daqueles à sua volta que lhes amam. E sem esperar apagou-se. De repente... entrou uma criança e viu as três velas apagadas. - Que é isto? Vocês deviam queimar e ficar acesas até o fim. Dizendo isso começou a chorar.
Então a quarta vela falou: - Não tenha medo criança. Enquanto eu queimar, podemos acender as outras velas. Eu sou a Esperança.
 A criança com os olhos brilhantes, pegou a vela que restava e acendeu todas as outras...


ESPERO QUE A VELA DA ESPERANÇA NUNCA SE APAGUE DENTRO DE VOCÊ.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Continuação: O Evangelho no coração da Amazônia

3. O PROJETO: INTRODUÇÃO: PREMISSAS

         Meu sonho ao decidir sair de “Nápoles” e partir para um trabalho missionário depois de conhecer este tipo de excluído era baseá-lo em 4 premissas:
         1. Teologia da libertação
         2. O leigo
         3. Uma pastoral integral
         4. Em 4 modalidades, ou formas de participação na ação missionária.

3.1. Teologia da libertação:

Foi escolhida como suporte teológico para este trabalho missionário.

3.1.1. Por 4 razões:

1ª Minha juventude Sacerdotal, Cristo, Renovação, Ditadura Militar (1964-1985)    
2ª Teologia nascida e elaborada a partir da realidade latino-americana.
3ª Nasce da consciência da exclusão, como fruto natural do sistema capitalista dominante há A.L.
4ª Tem como objetivo central o excluído, seus problemas e sua realidade conflitiva e como objetivo preferencial sua libertação do sistema que o mantém excluído.

Em que consiste: que é?
 
O que é?               
         Do que a entendemos Teologia da Libertação pretende a libertação o que não é novidade, nem nada de especial, porque liberdade e libertação é o sentido do próprio Cristo e de toda a sua ação. Cristo veio nos libertar de todo mal (Bíblia).
         O problema é que esta liberdade e libertação eram vistas só sob sua ótica e dimensão MORAL E ESPIRITUAL. E Cristo é liberdade e libertação de TODO o mal, não só o mal moral e espiritual.
         A teologia da libertação parte de dois pressupostos:

Integralidade da salvação:
         É justamente o que acabamos de falar a salvação de Cristo não é parcial, mas integral, atingindo o HOMEM TODO, todas as suas dimensões: espiritual, moral, mas também: física, e econômica, política, social, cultural, cósmico-ambiental. Tudo no homem e fora do homem- “A natureza toda sofre dores de parto...(Rm 8).

O sistema dominante em nossa sociedade, o capitalismo:
         É escravocrata e exclui a absoluta maior parte do povo dos bens produzidos pela sociedade da propriedade, provocando a pobreza. Da produção, provocando o desemprego. Do consumo, provocando a concentração da renda. Nunca tal situação e realidade o Cristianismo, para ser honesto, o consequente com a ação libertadora de Cristo e não cair num espiritualismo e moralismo estéril abstrato, puramente teórico, alienado, alienante e ópio do povo, dando razão a Karl Marx, tem que ser libertador, pleiteando a libertação integral, com forte ênfase na libertação econômica, social, política e cultural, mas não se reduzindo só a ela.
         Como a revelação não parte do abstrato, mas balizado pela situação histórico-social da realidade onde se dá, a realidade escravocrata e exclusivista do capitalismo exige que a leitura, a experiência e a ação religiosa do ato libertador de Cristo tenham também forte conotação libertadora nesta direção econômico-social – política.
Mas a teologia da libertação que propugnamos não é nem radical tendo por base uma filosofia que justifique o conflito da classe, colocando-o como a natureza e a essência do desenvolvimento e propugne a resolução armada reduzindo e definindo o desenvolvimento.
        
- Nem reducionista: reduzindo e definindo o desenvolvimento unicamente a partir de sua ótica, dinâmica e dimensão ECONÔMICA. Por este alicerce–suporte este projeto missionário se revela profundamente crítico.
- Pelo objetivo central da missão de Cristo que era a libertação integral pessoa humana (Bíblia).
         - E por opção fundamental que era o excluído a Teologia da Libertação nada mais faz do que dar a este projeto de Cristo uma ótica e colorido local, respondendo aos desafios-apelos provocado pelo sistema capitalista dominante.

3.2. Tendo o leigo como protagonista:

         A laicidade deste projeto não pretende, nem concorre, nem se opõe e muito menos dispensa os serviços do ministério presbiteral.
         - Nem exclui a dimensão litúrgico sacerdotal, principalmente da eucaristia e penitencial.
         - Nem dispensar a administração e a prática destes sacramentos na missão, embora esta prática não lhe seja prioridade, uma vez que o objetivo desta primeira etapa é a EVANGELIZAÇÃO FUNDAMENTAL: “O Querigma”.
         O protagonismo leigo na missão simplesmente quer concretizar e por em prática a vocação sacerdotal natural, de todo leigo, decorrente do sacramento do batismo, crisma e matrimônio.

3.3. Uma pastoral integral e integrada

         A dimensão integral da ação libertadora de Cristo decorre da natureza do homem que não é um composto e antagônico: corpo E alma, mas uma unidade integrada corpo-alma: matéria espiritualizada, espírito corporificado.
         O ser humano não é só, nem preferencialmente matéria e corpo, nem só, ou preferencialmente alma, Espírito, mas, ao mesmo tempo, corpo-alma, matéria-espírito.
         Por isso uma pastoral integral não pode se preocupar e se interessar só pela parte especificamente religiosa e espiritual das pessoas. Tem que se preocupar e se interessar também pela saúde, de modo co-responsável, ou de modo subsidiário.
         É evidente e não devemos esquecer, que, na sociedade há setores e órgãos do governo, com a função específica de cuidar deste setor. Há situações, porém, de abandono do povo, e (ou) incompetência ou corrupção, autoridades em que a Igreja não pode se omitir, ou cor responsavelmente e a Igreja não pode se omitir nem deve se anteceder, ou substituir o governo, no que é de sua competência. O povo não pode ficar numa situação de carência existencial, sem as mínimas condições de vida material, ou física, por culpa de uma autoridade omissa, incompetente, ou corrupta. O próprio Jesus nos sugere, no seu evangelho, tal atitude, atravéz das obras de misericórdia: dar pão a quem tem fome, vestir os nus, libertar os encarcerados, dar de beber a quem tem sede, visitar os doentes (Mt 25-19).  E São João nos diz. “Quem ver seu irmão passar necessidades e não o socorre, como pode estar nele o amor a Deus”.(1 Jo 3,17-20).

3.4. Em cinco modalidades, ou formas

         A Igreja, principalmente através de seus papas é unânime em se afirmar que:

3.4.1. Essencialmente missionária, isto é: sua natureza, sua essência é ser missionária e a ação missionária é a sua ação essencial. Isto quer dizer que toda a Igreja, em toda a sua cultura, setores, e níveis e formas de ação e todo Cristão é missionário, no sentido de levar a primeira evangelização às populações, que ainda não a receberam, ou a receberam de modo muito precário, de modo que lhe permitam ser chamados de comunidade cristã.
(Mensagens para o Dia Mundial das Missões, no mês de Outubro: mês das missões).
         Ser missionário é pois sinal e prova de nosso autêntico amor a Cristo por conseguinte não ama a Cristo e não é Cristão quem não é missionário.
         Por isso toda a Igreja e todo cristão não devem poupar esforços e devem empenhar todas as suas forças nesta ação missionária.
         (Bento XVI – Mensagem para o Dia Mundial das Missões: 19/Outubro/2008).
         Isto não quer dizer, porém que todos têm que participar imediata direta, concreta e efetivamente de um grupo, ou uma ação missionária, da Igreja, diocese, Paróquia. Nem todos têm aptidões, vocação, condições e saúde para isto.
         Santa Terezinha tinha verdadeira paixão pelas missões e seu sonho era trabalhar numa área missionária. Mas nunca pôs um pé, ou deu um passo fora do mosteiro para ir à missão. Foi impedida por sua saúde precária. E a Igreja a declarou Padroeira das Missões, de 1ª Evangelização, junto com São Francisco Xavier.

3.4.2. Então temos de admitir várias modalidades no exercício desta natureza missionária de toda a Igreja e de todo Cristão.
                  Nosso grupo admite, então cinco tipos de missionários ou quatro modalidades de ação missionária:

Permanentes: São Cristãos que sentindo-se chamados por Cristo, saem de “Nápoles” e vão morar, conviver e trabalhar numa população em estado de 1ª evangelização, de modo definitivo, permanente, para sempre. Foi o meu caso e o de muitos outros no Brasil e no mundo, sentindo o chamado de Cristo.

Temporários: São os que decidem morar, conviver e trabalhar numa área missionária, não de modo permanente, nem para sempre, mas por um tempo determinado, por si, ou por sua comunidade, paróquia, diocese, Igreja, em geral de uma dois anos.

Ocasionais: São os que se sentem chamados por um tempo determinado, que se repete regularmente em certa ocasião, ou determinado tempo do ano como férias o exemplo.
         Terminado o período combinado, ou determinada pessoa, ou grupo tanto temporário, como ocasional, volta para sua comunidade de origem e seus trabalhos normais. É o que já temos aqui todo ano.

De apoio e retaguarda: São os missionários que não vão a área missionária, mas colaboram com orações, ajudas materiais, ou campanhas com o objetivo de angariar fundos e conseguir pessoas para a tarefa missionária.

         Finalmente o grupo S.O.S Missão: É um grupo específico composto por idosos e doentes, que não têm mais condições de ir a missão por causa da idade, ou saúde, mas como Santa Terezinha, assumem com paciência essas dores, incômodos sofrimentos inevitáveis, em espírito de sacrifício, os unem aos sofrimentos de Cristo, pregado na cruz, vendo neles valor de libertação dos irmãos e os oferecem pelas missões.

POSSE DE DOM BENEDITO ARAÚJO

Após 33 anos de Pastoreio frente a Diocese de Guajará-Mirim, Dom Geraldo Verdier repassa a responsabilidade a Dom Benedito Araújo. A Celebração da Posse aconteceu ontem, 08 de dezembro de 2011, dia da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, na Catedral Nossa Senhora do Seringueiro, a qual ficou pequena para o grande número de pessoas que particíparam da Missa.










segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Continuação: O Evangelho no Coração da Amazônia

2. A ÁREA DA MISSÃO
Tanto a área do Baixo Madeira, como a área do Rio Mamoré têm muitas semelhanças.
2.1. Localização Geográfica
         Como também já mencionamos, as duas áreas de missão se localizam na Amazônia Legal, Estado de Rondônia, município e diocese de Porto-Velho, Guajará-Mirim respectivamente 250 quilômetros (Calama) e 400 quilômetros  (Guajará-Mirim) de Porto-Velho, Capital.
         Calama era a última comunidade de Rondônia na divisão com o Estado do Amazonas e Guajará-Mirim faz divisa com a Bolívia.
         Em Calama nós atendíamos os rios Madeira de Papagaios até a divisa do município de Humaitá, Rio Machado até Dois de Novembro e Rio Preto, até Volta Grande: 18 comunidades.
         Em Guajará-Mirim atendemos, no Rio Mamoré, a comunidade de Sete Ilhas, seu afluente: Rio Pacaas Novos  e seus afluentes: Rio Ouro Preto e Rio Novo: 13 comunidades.
2.2. Localização demográfica:
2.2.1. São áreas extensas: A do baixo Madeira, de mais ou menos 200, quilômetros de rios e a do rio Mamoré 1200 quilômetros de rio.

2.2.2. População escassa: Esparsa e isolada, com pouca densidade demográfica: Baixo Madeira 300 famílias, Rio Mamoré 700 famílias.
2.2.3. Distante, esparsa e, por isso, isolada.
2.3. Localização religiosa abandono religioso:
          Como já mencionamos, esta população recebia a vinda do Padre uma vez por ano, geralmente na festa do Santo Padroeiro da localidade. Era a chamada pastoral de desobriga, ou seja: ocasião para o Cristão cumprir suas obrigações para com Cristo e sua religião, ou seja: batismo, 1ª Eucaristia, confissão, Eucaristia, matrimônio, Crisma.
         Imaginemos que formação religiosa era possível ministrar em uma manhã, ou num dia, em que se ministravam todos estes sacramentos.
         Por isso a maior característica desta religiosidade era a total ignorância religiosa.

2.4. Localização econômica: Economia extrativista e de subsistência:
         Predomina ainda, nas duas áreas a extração da borracha, em pequena escala, a extração da castanha e a produção da farinha de mandioca: culturas dominantes, para abastecimento das cidades vizinhas Porto-Velho, Guajará-Mirim e Bolívia.
         As demais culturas, como, arroz, feijão, milho, são só culturas de subsistência em geral não comercializáveis.
         A absoluta maioria da população e pobre vivendo de até um salário mínimo.
2.5. CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DE GUAJARÁ-MIRIM
Como vimos às duas áreas ribeirinhas tem características gerais semelhantes em sua maioria. Mas a área de Guajará-Mirim tem suas especificidades, que são:
 
1. Índios: População indígena de Guajará-Mirim é composta, aproximadamente de 5 mil índios, entre os que vivem nas aldeias e na cidade. Todos já culturados. Na área da missão temos 10 aldeias indígenas: Cajueiro, Capoeirinha, Tanajura, Graças a Deus, Santo André, Bom Futuro, Pedreira, São Luis, 2 no Rio Negro Ocaia.
 Encontro em Guajara Mirim
2. Rios mais extensos: Como já mencionamos, os 3 rios, da área têm a extensão de 1200 quilômetros para chegar á ultima casa de cada rio demora-se dois dias de viagem em voadeira, 3 a 5 de rabeta.
3. Rios muito sinuosos: As curvas são vizinhas e numerosas. No tempo das cheias (inverno) para encurtar o caminho abrem-se atalhos, que chamam “furos” nas matas.
4. As distâncias entre as casas: São enormes, formando uma população muito disseminada e esparsa. Para se chegar, de voadeira, motor 15, até a última casa de cada rio gastam-se dois dias.
5. Inverno e verão: Uma outra característica decisiva para o planejamento pastoral na missão rios e ramais é, o tempo do inverno e o tempo do verão.
         No verão: Tempo da seca os rios diminuem de volume não permitindo navegação para qualquer tipo de transporte marítimo, o trabalho missionário, na área ribeirinha.
         No inverno: Tempo das chuvas os rios se transformam em igarapés, aumentam de volume, crescendo, normalmente de 10 a 20 metros, permitindo o trabalho missionário.
         Assim sendo, no inverno o trabalho missionário é feito nos rios e no verão é feito nos ramais, estradas, que muitas vezes saem dos rios e se ramificam permitindo acesso a lotes e fazendas.
         O tempo do inverno vai de Dezembro – Janeiro a Maio – Junho
        O tempo do verão vai de Junho – Julho a Novembro – Dezembro portando 6 meses cada um.
6. Casas vazias: Sem apoio do Governo (Ibama, Sedam). Que proíbe tudo, o povo está indo embora. Muita gente vai para a cidade: compras, aposentadoria, vender mercadoria.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O EVANGELHO NO CORAÇÃO DA AMAZÔNIA

Caros Irmãos e Irmãs, a partir de agora iremos conhecer como a Missão começou...

1. 20 anos de Missão já é uma história


Introdução:


Há 20 anos um grupo de leigos orientados por um missionário começaram um trabalho de evangelização para uma população ribeirinha, na região do baixo rio Madeira Diocese e município de Porto-Velho e do rio Mamoré, município e diocese de Guajará-Mirim, ambos no estado de Rondônia.

         Muitas histórias, não fazem história, e caem no esquecimento, na sociedade e na Igreja porque não puderam, não souberam, não quiseram ou, simplesmente não foram escritos. Ficaram ao vento... no tempo... e o tempo e o vento levaram... ao desconhecimento.

         A história, como a renda, é produzida principalmente pela mão de obra escrava, de salário mínimo, mas apropriada, transformada no mais valor da escrita, virando História, na mão de uma minoria, a elite letrada. Assim foi com os negros, os índios, os excluídos... os sem história.

         Não vamos deixar que seja assim, seguindo o exemplo e conselho do poeta.

“Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha nas débeis cordas da lira, hei de fazê-la rainha”. (Gonçalves Dias)

         É glória de Cristo e justiça para quem a construiu escrever sua história é só para eles, simplesmente para ele que vamos, depois de 20 anos, escrever a história do que se sonhou, se fez e se sofreu em sangue, suor e lágrimas das alegrias da evangelização de uma parte do coração da Amazônia.

1. HISTÓRIA


1.1. A pré-história o sonho projeto louco de um santo chamado Afonso.


         Afonso Maria de Liguori, nascido e criado em Nápoles, Itália, em 1696-1787, de família nobre. Um gênio para sua época, uma vez que poeta, músico, teatrólogo, autor de mais de 100 obras escritas. Aos 19 anos já era advogado, formado nos dois direitos, civil e religioso. Revoltado contra a corrupção política, jurídica de seu tempo, que deu, contra seu parecer ganho de posse de um ducado, a um príncipe Austríaco, contra um príncipe Italiano, resolveu abandonar tudo e tornar-se padre e trabalhar com os pobres da cidade de Nápoles. Conseguiu agrupar, dar assistência e organizar na periferia da cidade mais de 70 comunidades que foram chamadas “Capelle Serotine”, ou Comunidades Boca da Noite: grupos de todos os tipos de gente, considerada a “ralé” da sociedade. Ele os reunia, de tardezinha em becos, galpões, garagens da periferia e lhes dava instrução e assistência religiosa. O movimento começou a preocupar as autoridades civis, parecendo projetos de “pequenas células”, conscientização e agitação de massas. Enciumava as autoridades religiosas, parecendo concorrência de influência e poder.

         Afonso estressado, decidiu “dar um tempo” retirar-se do “local do crime”. Foi mais para o sul Scala, na solidão das montanhas. Ali encontrou uma monja Soror Madre Maria Astarosa, que, apontando para casebres no alto das montanhas onde viviam famílias produzindo leite e peles de cabras, lhe disse, adivinhando profeticamente o futuro: “Afonso Deus não te quer em Nápoles, mas aqui, cuidando destes pobres cabreiros, que não têm ninguém por eles.”

         Sem querer e sem saber a monja foi intérprete do chamado de Cristo a Paulo: Vai! É para longe, é para junto dos pagãos que hei de te enviar (At 22,21). Numa primeira reação, contra este totalmente descabido convite, Afonso pensou, consigo mesmo eu: nobre, de Nápoles, trabalhar aqui nestas montanhas, com cabreiros ?!...Só pode ser sonho louco de uma monja...

         Mas voltando para casa, ouvindo o silêncio de si mesmo, compreendeu no convite louco da monja o apelo de Cristo, que dos pobres, levava aos excluídos, “Sai! Vai! É para longe que vou te enviar! E um dia, no escuro da noite, para não ser notado, Afonso fugiu de Nápoles”.

         Decisão e exemplo forte e cativante que luziram a outros sonhadores utópicos, arrojados, que acreditam no impossível. Formou-se um grupo chamado: Missionários do SS. Redentor, que existe até hoje: os chamados Redentoristas. Os mesmos que cuidam do Santuário de Nossa Senhora Aparecida e estão espalhados em quase todos os Países, Estados entre os quais Amazonas e, cidades  de todo o  Brasil.


1.2. HISTÓRIA


1.2.1. Uma História mal contada, um erro de caminho.


         Como tantos outros, atualmente mais de 10 mil, Afonso continua nos seus filhos no transcorrer dos quase 300 anos de existência da Congregação, também senti o apelo de Cristo a Afonso e decidi segui-lo. Só que me disseram que a Congregação dos missionários Redentoristas, tinha por destinatários de sua missão os “pobres e abandonados”, como Afonso os tinha em “Nápoles”.

         Só depois de 25 anos do Missionário Redentorista quando a Congregação completou 250 anos de existência, e um Professor de uma Faculdade em Roma, veio nos dar um curso sobre a verdadeira origem da Congregação é que fiquei sabendo da história verdadeira. Afonso já cuidava dos pobres e abandonados, quando trabalhava e com grande sucesso, em Nápoles. Decidiu abandonar o pobre e abandonado na e da cidade (sistema) para ir trabalhar com o que fora excluído jogado fora pela cidade (do sistema). A Congregação e eu também, ainda estávamos em Nápoles.

         Fora: Vigário paroquial na Penha (São Paulo) 1958 e Goiânia (Campinas) 1959-1960 Missionário da cidade em São Paulo (1961-1967). Fez atualização pastoral em Roma (1968). Voltei às missões urbanas de 1968 a 1973. Fiz pós-graduação em Ciências Sociais (1971 a 1974). Fiz mestrado ( 1975 a 1977) lecionei em Seminários Maiores e PUC de Campinas 1974-1990. Nunca trabalhei, nem com pobres e abandonados, muito menos com Excluídos e nunca sai de “Nápoles”...

         As cidades onde vivera e trabalhara foram: São Paulo, Goiânia, Roma, Araraquara. Só “Nápoles”!...


1.2.2. Em busca do caminho de Afonso.

         Entrei em crise, na qual já estava desde 1965, na reviravolta do Concílio Vaticano II, quando a Igreja fez opção pelos pobres, depois pelos oprimidos e explorados e, finalmente pelos excluídos. Me convenci de que não estava no lugar certo. Vivia na hipocrisia de uma vida ambígua, traindo minha vocação trabalhando com rico e dizendo que Cristo me chamara para trabalhar com pobres e abandonados. Depois de descobrir que Afonso, o fundador, modelo e inspirador abandonou o pobre para ir ao excluído, decidi mudar de rumo seguir Afonso e ir em busca do excluído.

         Mas como e onde achá-lo.

         Coloquei-me nas mãos de Cristo, sob a luz do seu Espírito e deixei que ele agisse. E ele, como sempre, cumpriu sua promessa.

         As Irmãs da Congregação Santa Marcelina, com as quais eu trabalhava há 12 anos, no Colégio Santa Marcelina, Perdizes (S.P), quando sua Congregação completou 150 anos me pediram para vir a Porto Velho, participar das celebrações do Jubileu, falar a seus professores, divulgar a Congregação e conhecer suas obras, entre os quais uma casa para tratamento de hanseníase. Durante este período encontrei o Padre: Ludovico, Comboniano, pároco da Igreja Nossa Senhora das Graças, e Capelão do leprosário das Irmãs. Durante os bate-papos, após o almoço, Padre Ludovico, contando-me sua história de vida, disse que ficara Padre, na Itália, para vir trabalhar no Brasil, onde já estava há 15 anos. Em Porto Velho, seu sonho era trabalhar no “Beiradão”. Mas nem o bispo, nem os seus superiores o deixaram. Quando ouvi falar “Beiradão”, senti que era a fisgada vocacional a me indicar o caminho do excluído, que procurava. Procurei me informar melhor sobre o tal “Beiradão” e ele me disse que era o nome, meio depreciativo dando aos habitantes as margens dos rios da região, em cujas margens moravam famílias esparsas, distantes e por isso isoladas totalmente dasassistidas, tanto pela sociedade, como pela Igreja. A Igreja só as visitava uma vez por ano, nas famosas “desobrigas”.

         Padre Ludovico a esta altura não tinha o mínimo conhecimento da minha crise procura e nem me abri com ele neste sentido, mas senti que, sem saber ele fora o instrumento que Cristo usava para me fazer seu apelo. Isto acontecia na Semana Santa de 1989.

         Voltei para São Paulo e continuei meus trabalhos, no colégio e na PUC de Campinas.

         Para as férias de Julho eu dei a idéia e as Irmãs toparam: levar os alunos para uma experiência missionária nas obras delas em Porto Velho no tempo: OSEM, Escola Primária e Hospital dos hansenianos. Foi sucesso. Nos dois anos seguintes 1990 e 1991, continuei o mesmo trabalho. Já sozinho por minha conta, na Semana Santa, nas obras das Irmãs.

         E em Julho convidava alunos e desde 1990 comecei, também a convidar leigos, alguns dos quais trabalharam comigo em encontros, retiros e outros movimentos.

         Na Semana Santa de 1990 com os leigos fizemos, um mês de evangelização fundamental no bairro de Candeias, hoje município.

         Este primeiro grupo de missionários foi composto pelas seguintes pessoas: Alice, Dolly, Gil, José Anselmo, Pedro Ganco, Aparício, Georgina, Walter, três estudantes do Colégio das Irmãs Santa Marcelina, e eu.

         Nas Semanas Santas de 1990 e 1991 procurei conhecer as paróquias de Nossa Senhora Aparecida e de São João Batista respectivamente nos distritos de São Carlos e Calama as margens do Rio Madeira que, como disse o Padre Ludovico eram as duas paróquias que compunham o Beiradão, para onde pensávamos que Cristo nos chamava. Neste período procuramos consultar o bispo da Diocese Dom José Martins da Silva para pedir-lhe licença de vir trabalhar nesta área de sua diocese.

         Nesta visita o bispo me disse: “Alegro-me ao saber que os redentoristas pretendem vir para trabalhar na minha diocese”! Ao que lhe respondi “Excelência, meu pedido nada tem a ver com minha Província. Isto é problema de pedido sem a Província. Vim pedir-lhe licença em meu nome pessoal. Sou eu, Padre Viana, que quero vir trabalhar aqui”. Ao que ele disse: mas como é que o senhor virá, se aqui não há uma comunidade da Congregação? (Em geral padres de Congregação só trabalham em comunidades com três padres). Eu lhe disse: vou pedir licença ao Conselho Provincial. Ele pode abrir uma exceção, como já aconteceu em outros casos excepcionais. E o bispo voltou a perguntar: “E se o Conselho Provincial não aprovar seu pedido, nem lhe der licença”? Respondi: “Apelo para o Conselho e Governo Geral, que está acima do Provincial e deu resposta favorável a casos semelhantes”.

         Então o bispo insistiu: “E se o Governo Geral não der licença”? Respondi: concluindo: “Eu venho assim mesmo!

         O bispo sorriu, como quem pensasse: Este está decidido mesmo! Não tem jeito! E me aceitou na sua diocese para a missão no Beiradão.

         Com o Conselho Provincial a coisa foi mais fácil não só aprovou, mas elogiou a decisão, dando sua bênção para o trabalho. Eu continuava Redentorista, inscrito na Província de São Paulo, como membro da casa Provincial, enviado para uma, então, experiência, hoje, frente missionária.

         Pela voz das autoridades, Cristo deu sua aprovação final à minha decisão e projeto.


1.2.3. O SONHO COMEÇA A ACORDAR E SE TORNAR REALIDADE


         Nestes três anos (1989 – 1991) que antecederam minha mudança definitiva para o campo missionário do “Beiradão” eu aproveitei para me preparar:

         - Consultando o bispo e o Conselho Provincial, como já falei;

         - Consultando padres e leigos amigos;

         - Procurando conhecer a área da missão, quando ia na Semana Santa;

         - Rezando, refletindo e pedindo a luzes e forças do Espírito Santo para acertar o caminho.

         Esqueci de dizer que o bispo, depois que aprovou minha vinda, mandou-me consultar o Padre Danilo que era o único padre, que atendia as duas comunidades do “Beiradão” para ele me indicar de qual paróquia eu deveria cuidar. Padre Danilo me indicou a paróquia de São João Batista, Distrito de Calama.

         Em 1991, um ano antes de minha decisão final, como nos anos anteriores, coordenei a última missão leiga nas duas paróquias do “Beiradão”.

         Esta foi uma missão preparatória para minha vinda definitiva: fizemos um levantamento Sócio-Religioso de toda a área da missão de Calama e uma primeira missão de primeira Evangelização.

         Assim a população estava proximamente preparada para o início de meu trabalho missionário.

         Ainda tive um “Ano Sabático” antes de partir.

         Como e com Afonso abandonei “Nápoles”, em busca do excluído!...

         Era dia 17 de Janeiro de 1992. Eu tinha completado 62 anos! Trabalhei em Calama durante 14 anos de 1992 a 2005. Já prevendo a possibilidade de ser dispensado pelo bispo, depois deste período antes de partir, para meu ano Sabático, em 2006, consultei os bispos de Humaitá e de Guajará-Mirim sobre a possibilidade de ir trabalhar na área ribeirinha de suas dioceses. Ambos aceitaram. Mas haveria também a possibilidade de pedir para trabalhar na prelazia do Coari (AM) onde também temos pastoral ribeirinha, mas tanto Humaitá, como Coari nos pareceram já ter maior atendimento e pastoral ribeirinha mais organizada. Guajará-Mirim ainda estava em fase de Pastoral de desobriga. Por isso optei por ela. Na 5ª feira Santa de 2007 cheguei a Guajará-Mirim.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

TEXTOS: 2COR. 4,7-15; MT.20,20-28

SENTAR-SE AO LADO DE CRISTO
A atitude da mãe dos filhos de Zebedeu, dos quais um era Tiago Maior, cuja festa celebramos hoje e que suscitou acirrada discussão entre os Apóstolos, nos permite refletir sobre o sentido  da autoridade e poder, a partir do projeto social de Cristo.
1. TIAGO MAIOR
 Antes de iniciarmos nossa reflexão de hoje, porém, vamos conhecer um pouco da personalidade, vida e trabalho de Tiago Maior, o Santo de hoje.
1.1. FAMÍLIA:
PAIS: Zebedeu e Salomé (Mc. 15,40; Mt.27,56)
Irmão mais velho do Apóstolo, João evangelista, mais por semelhança de caráter, do que por parentesco.
1.2. PERSONALIDADE:
          Caráter impetuoso, pronto, doador, daí o nome de Zebedeu, Zeloso, dedicado: Quis atear fogo numa cidade da Samaria, que não quis receber  Jesus (Lc. 9,51-56).
          Voz extraordinariamente forte, inspirava medo. Por isso é também é chamado “Boanerges” filho do Trovão.
Primeiro Apóstolo escolhido por Jesus. (Mt. 4,21ss; Mc. 1,19ss; Lc.5,10) Sempre colocado entre os três primeiros.
           Primeiro Apóstolo mártir, decapitado por Herodes Agripa I, em 42-43 depois de Cristo (At. 12,1-2). 
           Confidente e íntimo de Jesus, sempre convidado por Ele, junto com Pedro e João para testemunha de fatos importantes da vida de  Jesus, como:  Cura  da  Sogra de  Perdro (Mc. 1,29-31) . Ressurreição da Filha de Jairo   (Mc. 5,37-43 ; Lc. 8,51-56); Transfiguração  Mc.9,2-8 ;  Mt. 17,1-8 ; Lc.9,28-36; No horto das oliveiras  Mc.4,33ss; Mt. 26,37). Entre os que pergunta sobre os percussores do fim.  (Mc.13,18)           
          É  chamado também Tiago Maior, por ter sido o primeiro apóstolo, por sua grande intimidade com Jesus e por ter sido o primeiro apóstolo mártir.
1.3. VIDA E MISSÃO
Diz a Tradição, que Tiago Maior, após a Ascensão de Jesus aos céus, os Apóstolos saíram de Jerusalém e se dispersaram pelo mundo. A Tiago Maior coube a evangelização da Samaria e, depois, da Espanha, onde sua pregação não teve sucesso, conseguindo apenas nove seguidores, segundo alguns. Um só, segundo o mestre João Beleth (Veja Jacopo de Varaze, Legenda Áurea. Vidas de Santos, 2003. 94. São Tiago, o Maior, pg. 562)
Abatido e desanimado, frente ao humilhante fracasso decidiu voltar para junto dos Apóstolos, em Jerusalém, onde sofreu o martírio.
1.4. CULTO EXTRAORDINÁRIO E PEREGRINAÇÕES
A partir do século nono São Tiago Maior tornou-se objeto central de enorme culto em toda a Espanha, tendo como centro de irradiação COMPOSTELA, unindo, animando e, diz a lenda, sendo o comandante supremo do exército espanhol, em sua luta vitoriosa contra os Mouros, banindo-os de todo o território espanhol. Documento desta campanha é a imagem, famosa em todo o país, de SÃO TIAGO MATA-MOUROS, montado em  fogoso cavalo branco, brandindo sua espada e matando Mouros, à  direita e  esquerda.
Transcendendo a lenda e se transformando em fato e história é  o movimento da TERCEIRA MAIOR PEREGRINAÇÃO DO MUNDO, DEPOIS DE ROMA E JERUSALÉM E A PRIMEIRA que, desde o século X, faz A PÉ 800 quilômetros, saindo da França, subindo os Pirineus e continuando A PÉ, pela cordilheira Cantábrica, por todo o norte da Espanha, até a Basílica-Santuário de São Tiago de Compostela.
É o histórico e famoso CAMINHO  DE  SÃO TIAGO.
São 15.000 romeiros, a pé, renovando, todo ano, a experiência DAS LINGUAS, DE PENTECOSTES (AT.2,1-47), QUANDO A MAIORIA ABSOLUTA NÃO FALA A LINGUA DO OUTRO E TODOS SE ENTENDEM SEM DIFICULDADE..
Eu já fiz esta peregrinação duas vezes : em 2.005 e 2.010  e confirmo que, de fato, é uma experiência fascinante, indescritível e inesquecível.Vou repeti-la, ao completar 85 (2015) e 90 anos (2020). JÁ ESTÁ CONVIDADO.
Retomando, agora, os textos da Eucaristia de hoje, iniciemos nossa reflexão sobre o poder e a autoridade:
2. A COBIÇA DA GLÓRIA DE PODER  DOMINAR, OPRIMIR, EXCLUIR
 "Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem" (Mt.20,245)
A ganância pelo poder, definido como fonte de status, dignidade e prestígio, para dominar, oprimir e excluir, parece tendência humana natural e, até certo ponto, admissível, como defesa da própria liberdade, contra a escravização. Mas, quando se torna privilégio de um indivíduo, ou grupo contra o outro ou os demais grupos, já não tem explicação, nem justificativa, transformando-se  em puro poder ditatorial.
Como natural, não é novidade do tempo, cultura e sociedade de Jesus. É um problema de todos os tempos e grupos sociais, principalmente em tempo, cultura e sociedade anômica, como a de Jesus e nossa, que só diferem em tipo, formas e graus. 
3. OUTRO MODO DE PENSAR O PODER, O GOVERNO E A POLÍTICA
Cristo, em mais este ponto discordou dos valores do tempo, principalmente de inspiração romana detentora do poder, no tempo, e introduziu um novo valor, no modo de pensar o poder:
"Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, entre vós, será esse o que vos sirva. E quem quiser ser o primeiro, entre vós será vosso servo. Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida como resgate em favor de muitos"(Mt.20,26-28).
 Jesus, então, tem não só tem novo conceito, mas também  nova postura e novo exemplo de como ser e exercer o poder, definido como:
3.1. PORTAR-SE COMO O MENOR: "O maior entre vós seja como o menor e aquele que dirige, como aquele que serve" (Lc.9,48).
3.2. TRATANDO OS SÚDITOS COMO AMIGOS E NÃO SERVOS: "Já não vos chamo servos, por que o servo não sabe  o que faz o seu senhor. Eu vos tenho como amigos, por que tudo quanto ouvi de meu Pai, vos tenho dado a conhecer" (Jo.15,15).
3.3. AMAR: "O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei".
3.4.SERVIR: O gesto de Jesus lavando os pés de seus apóstolos. "Vós me chamais mestre e senhor e dizeis bem, por que eu o sou.Ora se eu sendo o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros" (Jo.13,13-14)
3.5. SOFRENDO E MORRENDO PELO OUTRO: "Ninguém tem maior amor ao outro do que aquele que dá a própria vida, em favor de seu amigos.... (Jo.1513)
GOVERNAR É, POIS DAR E NÃO IMPEDIR, OPRIMIR, OU TIRAR A VIDA!
4. PODEIS BEBER O CÁLICE QUE EU VOU BEBER?
 Com estas palavras Jesus nos revela o sentido mais profundo e exigente do poder e da autoridade, que é não só imitar seu exemplo, mas identificar-nos com ele.  
Paulo deixa mais explícita esta exigência de Jesus, na primeira leitura da Eucaristia de hoje: "Por toda parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimento mortais de Jesus, para que também sua vida se manifeste em nossa pessoa.... Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos ressuscitará com Jesus e NOS COLOCARÁ A SEU LADO" (2Cor..4, 10-14). 
Assim Paulo, ao mesmo tempo repete, com fatos ao pedido da mãe dos dois Zebedeus é a pergunta-resposta de Jesus: Para reinar com Cristo é preciso identificar-se com Ele e identificar-se com Ele é assumir, carregar e morrer na Cruz, por que QUEM ESTÁ COM JESUS ESTÁ NA CRUZ. Um vez que quem fala Jesus fala Cruz. "Pela Cruz à luz!", era o lema que Dom Rei, primeiro bispo da Diocese de Guajará Mirim, mandou escrever em seu brasão episcopal.
Por isso São Paulo cita os principais sofrimentos pelos quais passou e todo Cristão passará: "Afligidos, por todos os lados. Postos entre os maiores apuros. Perseguidos. Derrubados. ENTREGUES A MORTE.
5. TESOUROS EM VASO DE BARRO
Paulo também afirma, na mesma primeira leitura, que trazemos este tesouro dádiva de Cristo,  nos identifica com Ele, em vasos de barro, lembrando nossa fraqueza, mas, por outro lado também, ajudando-nos a reconhecer que o poder extraordinário desta vida de Cristo em nós, não vem de nós, mas dele.
É esta ajuda que não nos deixa ser vencidos pela angústia. Perder a esperança, nos sentir desamparados, aniquilados. É morte que revela e nos leva à vida e ressurreição com Ele. (2Cor.4,7-15) "Tudo concorre para o bem daqueles que amam  Deus e  são chamados de acordo com seu projeto" (Rm.8,28).
Tudo isto acontece em nós pela FÉ  e para o bem de nossos irmãos. "Cremos, por isso falamos. E tudo isto é por causa de vós, para que a abundância da graça em número maior de pessoas, faça crescer a ação de graças, para glória de Deus." (2Cor,4,12.15) 
Estas convicções devem despertar em nós, mais uma vez, a consciência da DEPENDÊNCIA existencial existente entre nós e o Cristo (Fl.1,21; Gl.2,19-20), constante vigilância, sempre insistida por Ele. (Mt, 24,42; Lc.21,36) e da  ORAÇÃO. "Vigiai e Orai!" (Mc.14,38) .