quarta-feira, 29 de junho de 2011

SEMANA DA SANTÍSSIMA TRINDADE: 19 A 25/06/2011 FESTA DE CORPUS CHRISTI: QUINTA FEIRA: 23/o6/2011


TEXTOS:
PRIMEIRA LEITURA:  Dt. 8,2-3.14.16
SEGUNDA LEITURA:   1Cor. 10,16-17
EVANGELHO:   Jo. 6, 51-58
 
Dentro à luz a semana da Santíssima Trindade, temos a celebração da  festa de Corpus Christi (O Corpo de Cristo), ou Santíssimo Sacramento. 
É o dia do Sacramento da Eucaristia.

Que relação existe entre Eucaristia e Santíssima Trindade?
Vimos que Santíssima Trindade é a relação-revelação de Deus como AMOR, nas suas três formas de relacionamento  de Deus conosco e com o mundo:
PAI: amor que gera a vida, criando tudo;
FILHO: o mesmo Pai que toma a forma humana, vive  e convive conosco. Nos revela as coisas de Deus. Nos liberta, morrendo por nós.
ESPÍRITO: o mesmo filho, que, volta  terra, como prometera, depois de ter subido ao céu, após sua morte e ressurreição, sob a forma de Espírito, que funda e organiza a Igreja, invisível, que age através de nós e sinais, que chamamos SACRAMENTOS, entre os quais a EUCARISTIA.
Já sabemos que as obras de Deus, são, ao mesmo tempo, as três formas de relação. E como já podemos vislumbrar a Eucaristia não deixa de, praticamente, ser as mesmas três relações, ou seja: a perpetuação da criação, da encarnação e comunhão. Vamos entender melhor tudo isto nos transcursos desta reflexão.
No meu modo de ver a liturgia de hoje, através de seus textos procura nos recordar O QUE É, ou o sentido da Eucaristia. E ela o faz através deste traços característicos principais.

1.     EUCARISTIA SACRAMENTO
Antes de mais nada a Eucaristia é um Sacramento, ou seja, a forma que Cristo quis dar a sua presença permanente em nossa historia, quando voltou à terra, depois de ter retornado ao céu.
Cristo está real, verdadeira, física e ativamente presente em nosso meio, mas de forma invisível (Espírito), através de SINAIS visíveis e sensíveis, que chamamos SACRAMENTOS e são sete: BATISMO, PENITÊNCIA OU CONFISSÃO, EUCARISTIA, MATRIMÔNIO, ORDEM E EXTREMA UNÇÃO.

2.     EUCARISTIA: NOVA PÁSCOA-LIBERTAÇÃO
A primeira leitura faz alusão “do Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da escravidão... alimentando-te com o MANÁ... Numa terra árida... fez jorrar ÁGUA !"
João Batista, quando viu Jesus, que vinha a ele, no deserto, o apresentou ao povo como  "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado mundo" (Jo, 1 29.36). Dentro da cultura judaica, o simples fato de falar "Cordeiro", suscitava, instantaneamente, a lembrança do Cordeiro  e da celebração da Páscoa, fato central desta cultura e história, para manter perpetuamente via a "memória" da libertação do povo, através da passagem (páscoa) do Mar Vermelho. Não há dúvida, então, que, apresentando Jesus como cordeiro João fazia clara alusão à Páscoa Judaica, colocando Jesus como o NOVO CORDEIRO, que iria desencadear novamente o movimento da nova Páscoa. (Ex.12,3-14.21. 26-27.46-47: 14,5-31).
Isto parece ficar claro e dar sentido à pergunta que os apóstolos, fazem a Jesus, numa das vezes que lhes aparece, após a ressurreição: "Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?" (At. 1,6). Jesus, quando instituiu o Sacramento da Eucaristia, fez questão de unir estreitamente à celebração da Páscoa judaica, deixando claro que a Eucaristia não só não a eliminava, ou substituía, mas lhe dava continuidade histórica, mudando apenas sua forma e dando-lhe um sentido muito mais profundo. Por isso chamamos também a Eucaristia de NOVA PÁSCOA.
Não se pode negar, pois, o caráter libertador da Eucaristia, que sempre teve fundamental importância, na história da Igreja, mas nos dias de hoje adquire muito maior importância, quando a Igreja dá a sua ação pastoral o caráter prioritário de libertação dos excluídos.
   
EUCARISTIA: MEMORIAL DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE CRISTO

A Páscoa judaica não era simples lembrança do ato libertador de Deus, em favor de seu povo, mas verdadeira MEMÓRIA, ou seja, REPETIÇÃO E CONTINUAÇÃO do fato, pelo qual Deus o libertara da opressão do poder dominador do tempo (Egito), revisando sempre,   este estado de libertação. Insistindo e instigando o povo a recuperá-la  se a tivesse perdido. A mantê-la e fazê-la progredir, frente às novas ameaças de forças e sistemas de opressão e exclusão do povo.
A Eucaristia é, pois, a continuação do processo libertador inaugurado e prefigurado na páscoa judaica.
Cristo, com sua morte, ressurreição e ascensão ao céu, tornou esta libertação plena definitiva e universal, ou seja: fazendo-a passar,  de monopólio da sociedade judaica, para patrimônio de toda a humanidade, animando-a a lutar contra todas as forças que, hoje e sempre tentam explorar, escravizar e excluir o povo.
A eucaristia é, então, a repetição, através de sinais do pão e do vinho,da morte, ressurreição e ascensão. Não anula, nem substitui a Páscoa judaica, mas lhe dá continuidade, fazendo-a nova, plena definitiva e universal libertação de todos os poderes que tentam explorar, oprimir e excluir o povo. "Portanto todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste vinho, estão anunciando (realizando) a morte do Senhor, até que ele venha (1 Cor.11,26). A Eucaristia é, pois, a celebração da nova, definitiva, plena e universal páscoa (1Cor.11,23-26).    À mesma conclusão chegamos ao ouvirmos Cristo relacionar a instituição da Eucaristia com a NOVA ALIANÇA (Mt. 26,28; Mc.14,24)
 
4. O PÃO É O CORPO, O VINHO É O SANGUE DE CRISTO
Quando Cristo prometeu a Eucaristia (Jo. 6,35-58), depois de ter multiplicado, com cinco pães e dois peixes e alimentado cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças, ele foi insistente e repetitivo ao dizer, realisticamente, que o pão era sua própria carne e o vinho, seu próprio sangue. (Jo. 6,51-58)
Os judeus se escandalizaram, tomando estas palavras  ao pé da letra. Os Discípulos e Apóstolos de Jesus também, mas Jesus, sem explicar, nem recuar, continuou insistindo nas mesmas palavras, dando a entender aos Discípulos e Apóstolos, que eles podiam abandoná-lo, se não acreditassem, como, de fato, aconteceu. "Minha carne é verdadeira comida e meu sangue verdadeira bebida"(Jo. 6,52.60-69).
Quando realizou o que prometera, Jesus disse:  ‘tomando o pão: Isto   É  o meu corpo e tomando o cálice com vinho: "Isto    É   o meu sangue (Mc. 14,22; Mt. 26,26-29; Lc. 22,14-20).
Notemos que Jesus não disse: "Isto simboliza, é sinal, mas isto É. Paulo insiste, taxativamente, no mesmo realismo: "O cálice... não é comunhão no sangue?! E o pão... não é comunhão no corpo?! (1Cor.10,16) O que não deixa dúvidas quanto ao realismo destas expressões. A hóstia e o vinho consagrados, não simbolizam, não indicam, mas SÃO o corpo e sangue de Cristo.

5. EUCARISTIA E TRANSCENDÊNCIA
Falando do Maná a primeira leitura (T. 8,3) atribui a Moisés a relação entre Maná e Palavra de Deus. Penso que este texto admite várias interpretações, que podem relacionar-se e integrar-se entre si. "O Senhor te alimentou com o maná... para mostrar que nem só de pão vive  homem, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor" Dt.8,3).
    - Ela pode querer dizer que, assim como o corpo, também o espírito precisa de alimento. Só o alimento material não sacia a fome humana, que precisa também de alimento espiritual. Foi neste sentido que Cristo respondeu ao Demônio. (Lc. 4,3-4)
    - Pode significar também que o maná lembra a palavra de Deus, justamente por que se originou na palavra de Deus, que o fez aparecer do nada.
   - Pode ser relacionado com a Eucaristia, enquanto a aparência, a imanência, ou a matéria  do pão suscita a transcendência imaterial e invisível do Corpo de Cristo.
    - Num nível mais profundo, pode também ser interpretado no seguinte sentido: Temos que transcender (ir além), ou transpassar (passar além) das aparências das coisas, buscando sua essência. O material das palavras tem sua origem e busca seu sentido no transcendental
        
6. EUCARISTIA-PRESENÇA
Cristo disse que ficaria conosco todos os dias, ate o rim do mundo. (Mt. 28,20) Voltado à terra, em forma de espírito, Jesus cumpriu sua promessa. A Eucaristia é a forma física desta presença, de certo modo, o movo visível desta presença invisível.
    
7. EUCARISTIA ALIMENTO
Hoje sabemos que já a prefigura do maná acenava para a Eucaristia como alimento. "Deus alimenta seu povo no deserto..." (Dt. 8,3) Também na mesma direção acenava "o pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água, que alimenta Elias quarenta dias e quarenta noites pelo deserto. (Dt. 8,3)
    Sobre a Eucaristia Cristo disse: "Eu ou o pão vivo, descido do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo..."Se não comerdes a carne do Filho e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós.. Quem come a minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo, 6,51.53-54).

8. EUCARISTIA COMUNHÃO, COMUNIDADE, IGREJA
Em sua oração, que poderíamos chamar "ORAÇÃO TESTAMENTO" Jesus pede ao Pai que a mesma união que existe entre ele e o Pai, exista entre os cristão, entre si e com Ele, Jesus.
PARA QUE TODOS SEJAM UM, COMO TU, PAI, ESTÁS EM MIM E EU EM TI, PARA QUE TAMBÉM ELES ESTEJAM  EM NÓS...QUE ELES SEJAM UM, COMO NÓS SOMOS UM. EU NELES E TU EM MIM PARA QUE SEJAM PERFEITOS NA UNIDADE....E O AMOR COM QUE ME AMASTE, ESTEJA NELES E EU MESMO ESTEJA NELES”(JO.17,20-26)
   
Falando da Eucaristia, Cristo diz: "Quem come minha carne e bebe meu sangue PERMANECE EM MIM E EU NELE... Aquele que me recebe viverá POR MIM" (Jo.6,58). Na mesma linha de pensamento, Paulo repete: "Por que há um só pão, nós todos somos UM SÓ CORPO, pois todos participamos desse ÚNICO Pão" (1Cor. 10,17).
A união estabelecida pela eucaristia, entre Cristo e os cristão, entre os cristão entre si e Cristo, os cristãos e o Pai, não e algo acidental, superficial, puramente afetivo, mas constitutivo, ao ponto de podermos dizer: quem comunga se transforma em Cristo, como
afirmou Paulo: "Não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim" (Gl.2,20) "Para mim, viver é ser Cristo e morrer é lucro" (Fl.1,21).
O argumento é muito claro e contundente: Se Cristo é UM só e se todos, que o comem se, tornam um e permanecem, não só nele, mas permanecem ele, isto é se transformam e ficam Ele,todos se tornam um, na mais perfeita, profunda e substancial unidade que se possa imaginar.
Por isso a Eucaristia é a realização da comum união (comunhão) e comum unidade (Comunidade), que é o primeiro, último e mais profundo sentido, que constitui a Igreja.
Acho que aqui é o momento de observarmos que nunca Jesus foi tão repetitivo, incisivo e taxativo, em suas afirmações, do que  quando falou da Eucaristia, afirmando: Seu Corpo / Alimento / Comunhão

9. EUCARISTIA: NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA
Depois do que vimos, ficam mais do que claras a importância e a necessidade da Eucaristia. Não haveria necessidade de repetí-lo.
Cristo também insistiu: "Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue. não tereis vida em vós"(Jo 6,53).
Assim mostrou, ao mesmo tempo, a importância e a necessidade da eucaristia. E isto também é fácil de entender: Se a eucaristia é a realização, através de sinais, da morte e ressurreição de Cristo. Se nesta morte e ressurreição consiste a nossa libertação, sem Eucaristia não há salvação.
Por isso a Eucaristia é de fundamental importância e necessidade. Nela também acontece a Igreja. Ela é como o tronco de uma árvore de onde a seiva se distribui para os galhos. Ela é o principal sacramento, do qual participam os demais sacramentos.
Quem não celebra a Eucaristia e não comunga, não tem vida, está morto. Por isso o terceiro mandamento da lei da Igreja exige: "Comungar ao menos uma vez por ano"
 EUCARISTIA  E RIBEIRINHOS
1. Compreendendo a importância e a necessidade da Eucaristia e como ela a medida da fé e do nível da Igreja, nos convencemos mais uma vez de que, de fato, a área ribeirinha é área de missão: Apesar de a maioria ser batizada 95%, se não mais, dela, não fez a primeira eucaristia. Nas poucas vezes, nas quais o Padre celebra a eucaristia nas comunidades, o índice de presença é muito pequeno e o de participação nulo. Como se explica esta situação:
1.1. Primeiro pela inexistência de uma evangelização regular e sistemática. A pastoral, até hoje, nestas comunidades, estava baseada nas tradicionais "desobrigas", que consistia na presença do padre, geralmente pároco na cidade, que vinha e ficava um ou dois dias numa área, oferecendo ao povo possibilidade, principalmente do batismo. Imagine-se o que isto significava para a evangelização que se dava, uma vez por ano e ficava reduzida aos poucos minutos da celebração do batismo, uma vez por ano. Diante desta situação não e de se admirar o nível de ignorância do povo, não só com relação à Eucaristia  e demais sacramentos, mas a toda a formação religiosa, de modo geral.
1.2. Em segundo lugar devemos tomar em consideração a localização geográfica das famílias, que moram, esparsas, muito distantes e isoladas umas das outras. Para se chegar de uma casa à outra, gasta-se no mínimo, em geral e em média uma hora.
 
2. Muitos, que não conhecem esta realidade, perguntam por que o Padre não celebra a Eucaristia. Embora, ultimamente, esteja fazendo uma visita missionária por mês a todas as comunidades. Este é o momento de explicarmos as razões desta situação.
Quando aqui chegamos, nos iludimos seguindo a mesma metodologia pastoral que tínhamos no sudeste, de onde viemos, baseado em agrupamentos de vizinhos, na Eucaristia e batizados. Logo, porém, tomamos conhecimento da situação e caímos na real.
Nas celebrações da Eucaristia, que fazíamos, o povo não participava, por que não sabia a parte das orações que competiam a ele. Mal e mal sabia rezar a Ave Maria, ignorando o Pai nosso e o Creio em Deus Pai. Na celebração da Eucaristia, o Padre era, ao mesmo tempo, Celebrante e Assembleia. Vinham pouquíssimas pessoas nas celebrações, justamente por causa das distâncias e por que, agora, não havia atração dos batizados.
Diante de tal quadro nos perguntamos. Qual o sentido de basear a pastoral nos sacramentos se o povo ainda não tem formação sobre as bases da religião, nem fez opção pessoal, esclarecida  e madura por Cristo?
Me convenci, então que este tipo de pastoral, aqui, não era viável e decidi então seguir o caminho traçado por Paulo: "Cristo não me enviou para batizar (baseado no trabalho nos sacramentos), mas para anunciar o evangelho" (1Cor 1,17). Ao sacramento devia preceder a evangelização, como também diz São Paulo: "Como poderão invocar aquele no qual não acreditaram ? Como poderão acreditar se não ouviram falar dele..... A fé depende, portanto,da pregação e a pregação é o anúncio da palavra de Cristo" (Rm.10,14-17)
      Começamos, então a basear nosso trabalho em visitas de casa em casa, nas quais fazíamos cultos desenvolvendo uma evangelização fundamental mais pessoal, regular frequente, demorada. Após este trabalho de evangelização e supondo que o povo tinha assimilado o suficiente para uma compreensão, esclarecida, pessoal e livre dos sacramentos, começaremos a administração dos mesmos.
Aos que se sentem preparados para os sacramentos, poderão celebrá-los na cidade, onde vão, em geral uma vez por mês, lá permanecendo, comumente uma semana.

CONCLUINDO
         Vimos, então, que a Eucaristia é o principal sacramento de nossa Igreja, renovando o mistério da Santíssima Trindade, ou seja: o AMOR: Vida do Pai. Ato libertador do Filho e  comunhão-Igreja, no Espírito.
Por isso a Eucaristia é:
- Sacramento no corpo e sangue de Cristo, sob a forma de pão e vinho.
- Nova páscoa-libertação.
- Memorial da morte, ressurreição e ascensão de Cristo.
- Lembrança da dimensão transcendental da vida humana.
- Presença continuada, ativa, embora invisível de Cristo.
- Alimento pelo seu corpo e sangue.
- Que realiza a Igreja.
- E, por isso, é da maior importância e necessidade fundamental para a Igreja, o principal e fundamental sacramento da mesma.

        Peçamos a Cristo, que por intercessão de sua mãe, Nossa Senhora dos Ribeirinhos, dê e aumente em nós a compreensão de tão grande sacramento, para que possamos recebê-lo digna, cada vez mais consciente e frequentemente.

NOSSA SENHORA DOS RIBEIRINHOS, 
ROGAI POR NÓS.

Notícias: Julho


D. Benedito Araújo
    01. Dia 04/junho/2011 foi realizada, na Igreja Catedral de São Luiz do Maranhão, cidade onde trabalho a maior parte de sua vida. Padre, hoje Dom Benedito Araújo, Diocesano. Bispo agradece: Seu Reitor do Seminário. 
Consagrante: Dom Geraldo Verdier, bispo de Guajará-Mirim. Mais de 15 Bispos e mais de 100 Padres. Consagração com mais de 5.ooo participantes. Eucaristia muito alegre e animada com cantos, encenações e simbologia da cultura nativa, mostrando como Dom Bendito é querido do povo de São Luiz e do Maranhão, em Geral. Fazia mais de 50 anos que Maranhão não era agraciado com um Bispo.

    02. Dom Benedito chegará a Guajará-Mirim, para tomar posse como Bispo Auxiliar, dia 03 de Julho acompanhado de uma comitiva daquela que faz parte o Sr. Arcebispo de São Luiz, vários Padres e Leigos da Diocese. Para esta chegada foi preparada uma verdadeira apoteose , pelas várias comissões da Diocese e sociedade, como prova da acolhida do povo de Guajará e de toda a Diocese de Guajará-Mirim a Dom Benedito. 

    03. Do dia 05 a 25/Julho/2011, teremos a 23ª MISSÃO RIBEIRINHA LEIGA, todas as famílias que moram às margens dos Rio Pacaás Novo, Ouro Preto, Novo e Ramais  do Macaco, Soldado da Borracha, Seringueiro, Pompeu, Brito, Lago do Garças receberão a evangelização, durante vinte dias. Virão cinco missionários de Jacareí e dos daqui da cidade, que esperamos sejam semente de um novo grupo nativo. Voltarão para São Paulo dia 26/06/11. 

O tema da evangelização deste ano é o Sacramento do Batismo, iniciando a parte sacramental da evangelização fundamental como a prioridade da Diocese, definida pela Assembléia Diocesana de 2008 foi a FAMÍLIA, os missionários farão uma correlação entre Batismo e família. Esta já é a terceira fase da evangelização fundamental desenvolvida pelos missionários, que já deram os pontos fundamentais da evangelização com relação à FÉ (VIVER O CRISTO)  OS MANDAMENTOS (VIVER COMO CRISTO) e, agora os SACRAMENTOS (VIVER POR CRISTO). Estamos junto aos missionários, rezando torcendo por eles, certos de que a companhia de Cristo será a garantia desta missão.
   
04. ROMARIA DA TERRA. Pela primeira vez a Diocese de Guajará-Mirim foi escolhida para sediar a 9ª Romaria da Terra, no Regional Noroeste, que reúne as seguintes Dioceses, e entidades Porto Velho, Ji-Paraná, Guajará Mirim, Comissão Pastoral da Terra, Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Sínodo Lutera da Amazônia (IECLB). Sob o tema: "A Água e o Verde vida do Planeta". E o lema: A criação geme em dores de parto" (Rm.8,22). 
DIA: 10/Julho/2011. LOCAL: Distrito do IATA, Guajará Mirim.
Programação: 07 horas: Recepção e acolhida. 07:30: Abertura da Romaria, início da caminhada, celebração das águas e apresentações culturais. 12:oo: Almoço. 13:00: Celebração da Eucaristia.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Semana da Santíssima Trindade: 19-25/06/011 - Dia 22, Quarta feira Leitura: Gn. l5,1-12.17-18. Evangelho: Mt. 7,15-20


  
 
Cristo disse: "Não é aquele que DIZ, "Senhor, Senhor, quem entrará no Reino do céu, mas aquele que FAZ a vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mt. 7,26). sobre isto Ele contou, também a parábola " Dos dois Filhos" (Mt. 2l,28-32)

    



1. Na liturgia de hoje, Abraão, de novo nos é proposto como paradigma. Como a ele, falsos profetas, também lembrados por Jesus (Mt,7,15) tentam nos desviar do caminho. Tal fato não se dá só em assunto de religião, nem se trata só de pessoas. Se dá em outros campos, como ciência, política e outros. Falso Profeta não é só pessoa. Podem ser coisas, idéias, fatos etc... 

   2. Nos textos de hoje, três vezes Abraão duvidou de Deus, que, várias vezes, lhe garantiu descendência, como pó, como as estrelas. Propriedades extensas, desde o Rio do Egito, até o Grande rio, o Eufrates. "Que me darás?". "Não me deste descendência!". "Como poderei saber se vou possuí-las?" Até certo ponto ele tinha razão, por que Deus falara, mas aparentemente não fizera. De qualquer jeito Abraão errou, porque não foi só na PALAVRA, que ele não acreditou, mas na PESSOA de quem falou, duvidando que ele fizesse e esquecido de que Ele não marcara data.
       Como Abraão nos deixamos seduzir por vários falsos profetas, duvidando, de vários modos, da palavra de Deus, quando abanamos a prática da religião, abraçamos outras religiões, abandonamos a participação ativa nos trabalhos de algum setor da Paróquia.
       Queremos marcar tempo para a realização da palavra de Deus, esquecidos de que Deus não usa nossos relógios, nem nosso jeito de medir o tempo. Queremos que Deus faça o que achamos certo e o que queremos, mas nem sempre Deus pensa e quer como nós e esquecemos, também de que Deus não nos deve mais nada, em vista do que já fez
por nós.
       Deus que, com Moisés (Nm. 20,11.14; Ex.17,6;Dt.34,4) e Zacarias (Lc.1,120) não teve paciência, foi condescendente com Abrão, respondendo a sua dúvida, mas refrescando sua memória, mostrando como não o estava brincando, nem só falando e lembrando o que já fizera por ele, tirando-o, guiando-o e protegendo-o, pelo caminho a fazendo-o chegar são e salvo, até aqui.
       Resolveu, agora selar, com Abraão, agora, com um solene ritual, uma ALIANÇA. Por isso pediu-lhe que trouxesse: uma Novilha e um Carneiro de três anos. Uma rola e uma pombinha, para oferecê-lo em sacrifício.
      Muita gente pensa que, por que tudo depende de Deus, Deus faz tudo. Isto se chama Providenticialismo. Deus faz sua parte, que em geral é o que foge ao nosso alcance. O que nós podemos, Ele não nos dispensa, nem faz em nosso lugar. Por isso o provérbio antigo: "Mais vale quem Deus ajuda, do que quem cedo madruga", modernamente mudou de redação: "Deus só ajuda, quem cedo madruga"  No milagre da multiplicação dos pães, Ele fez o milagre, mas exigiu o mínimo que o povo tinha e podia colaborar: cinco pães e dois peixes, com os quais alimentou cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. (Jo.6,1-17)
       Depois que Deus selou sua aliança com Abraão e repetiu solenemente sua promessa de descendência e posse da terra, Abraão sua parte, na mesma aliança, com sua proclamação também solene de sua fé. E o Senhor aceitou, tal proclamação de fé, como retratação e satisfação da falta de fé anterior e justificação de toda a vida de Abraão, mostrando-nos que fé não é somente uma toda memória e da inteligência, mas do coração, pés, mas, ou seja : da pessoa inteira e de toda a sua vida. É aliança, compromisso e comprometimento integral.
       Na morte e destruição dos animais. No sono e misterioso terror de Abraão está simbolizada a profunda transformação do mesmo. A morte do velho homem, descrente e o nascimento do novo Abraão, agora reparado para entrar na nova terra e fundar um novo povo.
       Com uma alegoria, Jesus repete, no evangelho, a alegoria da árvore boa e da árvore má, que se conhece pelos frutos. E alerta que é pelos seus frutos que se distingue o profeta verdadeiro e se desmascara o fajuto e também se o que ele diz ele faz, se torna fato. Acontece. O mal e os maus sejam eles quais, quem , ou o que forem, só sabem gerar o mal, mesmo que se mascarem de bem e bons. O bom e os bons, sejam quem, quais e o que forem, também só sabem fazer o bem, mesmo que ,as vezes os julguemos mal e maus.
        À luz da Santíssima Trindade podemos resumir a mensagem de hoje, neste pensamento: A FÉ SE PROVA COM AS OBRAS FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg.2,14-26)
        Abraão acreditou nisto e o aplicou a Deus, pensando que este só falava, mas não agia. Deus estava mostrou seu erro. Exigiu dele, além da fé, as obras, pela colaboração no sacrifício. Pela sua conversão.
        O Filho (Deus-homem) é a prova de que o Pai não é relação-revelação de palavras, mas é Filho: alguém que vem a terra, se faz carne. Vive nessa vida e, como homem, FAZ, NÃO SÓ CRÊ a vontade do Pai. Este é o sentido e o objetivo de saída. (Sl.40(39),8;
Mt. 6,10.26,42; Lc. 22,42; Jo.4,34)
 
FÉ  COM  OBRAS  E  OS  RIBEIRINHOS
    
         1. Não é por que "moram no mato", longe de tudo e de todos: sem igreja, sem celebrações, nem sacramentos, que, para o Ribeirinho baste à fé, ficando despenado das obras. Pelo contrário, talvez para ele seja mais fácil uma fé, acompanhada de obras, como ainda veremos.
        
         2. Como vimos, fé não é só coisa de memória e inteligência. E obras não são só obras de religião. Atitudes morais. O cumprimento dos dez mandamentos da lei de Deus. Os cinco mandamentos da lei da Igreja e os 10 mandamentos de Jesus Cristo, conforme lemos em Mt. 5,6,7. As obrigações civis, políticas e sociais. Enfim as obras do ser humano e do cidadão, além das do cristão.

         3. Mesmo as obras do cristão nem sempre e em tudo, exigem necessariamente Igreja e Padre.
           Já conhecemos sobejamente o provérbio popular "Quem não tem cão, se for rico, caça com cachorro, se for pobre, caça com gato"
Por exemplo: Você não tem igreja ? Faça de sua roça, de sua casa sua Igreja e o lugar de suas orações e seus cultos. Não há Padre  para se confessar ao menos uma vez por ano? Confesse-se com Deus, toda noite, pedindo perdão dos pecados do dia. Você não  vai  à  cidade, de vez em quando? Por que não aproveita para se confessar com o Padre? O Padre não vai rezar missa, onde você mora? Para que existe Rádio e Televisão?! Participe da missa, através dos meios de comunicação. Não deixe de ser solidário com os vizinhos, doentes, idosos, que necessitam de sua presença. De vez em quando faça uma visita a eles. A distância de uma casa para a outra, na beira do rio é muito grande, não permitindo formar comunidade, nem reunir-se em grupos de vizinhos sempre? Faça-os de vez em quando. Visite seus vizinhos. Reúna-se com eles, às vezes, para rezar e fazer culto, como você se reúne, para fazer mutirão da farinha, da castanha, e outros. Vez por outra você não dá um jeito de fazer reunião da Associação, com a Sedam, Ibama, Incra, festas, forrós, "ralo-bucho" e semelhantes ?!.... 
  
           4. Vemos, então, que dizer "por que moramos separados, isolados  e muito distantes uns dos outros. sem igreja, sem padre e sem missa, não temos condição de ligar fé e obras, fé e vida, fé e cidadania, é desculpa, mentira, preguiça  falta de vontade, catolicismo frouxo, ou falta daquilo, que meditamos dias atrás: ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO, LUTA POR ENTRAR PELA PORTA  ESTREIRA E CAMINHO APERTADO, VIOLÊNCIA CONTRA SI MESMO, DAR MAIS IMPORTÂNCIA AO MAIS IMPORTANTE, esquecidos da palavra de Jesus: "O Reino dos céus sofre violência e só os violentos o tomarão de assalto!" 
          
           5. Quando dissemos que, relativamente, é, até mais fácil, ao povo ribeirinho, integrar fé e vida, também tínhamos certa razão, por que:  Na área ribeirinha não há locais e ocasiões de pecado, como na cidade: bares fornecendo bebida alcoólica, salões de baile, motéis, banca de droga, baladas... Aí também não há certos fatores, que dificultam e, às vezes impossibilitam, na vida urbana esta integração, como: Agitação. Barulho. Trânsito intenso, desgovernado, tornando-o perigoso. Violência, assaltos, roubos, estupros, meretrício a céu aberto ou "debaixo dos panos"...

           6. Por outro lado, ela também não está isenta de alguns falsos profetas, no sentido que tomamos acima, que tentam desviar o povo ribeirinho do verdadeiro caminho para Cristo. Ali também coexistem bons e maus, o bem e o mal. A própria situação de vida dura e sofrida, desprovida de quase todo o necessário para uma condição digna de vida, concorre pra colocá-lo num estado de tensão, insatisfação e revolta calada e silenciosa... transformando-o num pequeno barril de pólvora, na iminência  de explodir a  qualquer momento, atingido por qualquer faísca.

            RESUMINDO: NÃO DANDO OUVIDOS AOS FALSOS PROFETAS, IMITEMOS A FÉ DO NOVO ABRAÃO, PROVANDO COM FRUTOS, QUE SOMOS ÁRVORE BOA. QUE A SANTÍSSIMA TRINDADE: PAI, QUE É VIDA, CRISTO, NOSSA CARNE, ESPÍRITO-IGREJA NOS FAÇA TRINDADE.  E A VIRGEM RIBEIRINHA, QUE TRANSFORMOU DEUS, NA CARNE HUMANA, SEJA NOSSO EXEMPLO, AJUDA E  PROTEÇÃO. ASSIM SEJA !