TEXTOS: Ex. 1,8-14.22; Mt.10,34-11,1.
Hoje a Igreja coloca à nossa frente o modelo da pessoa, vida e ações de São Bento monge.
São Bento nasceu em Núrcia, Itália e viveu entre os anos de 480 e 547. É o pai da vida monástica ocidental. Suas orientações conduzem-nos ao serviço do Senhor, no qual a meditação da Palavra de Deus e o louvor litúrgico, alternados com o trabalho, gera um clima de intensa caridade fraterna. Nas pegadas de São Bento surgiram, principalmente na Europa, centros de oração, de cultura, de promoção humana, de hospitalidade para os pobres e peregrinos. O Papa Paulo VI proclamou-o padroeiro da Europa e o atual papa adotou seu nome.
A Eucaristia de hoje nos permite escolher como tema de nossa reflexão: JESUS SENHOR ABSOLUTO DE NOSSAVIDA.
1. JESUS É VALOR ABSOLUTO
1.1. ACIMA DOS BENS E RIQUEZAS
Para segui-lo, Jesus exige a renúncia da profissão, como Levi (Mateus), que era cobrador de impostos. (Mc. 2,13-14), como os primeiros Apóstolos, que eram pescadores e abandonam IMEDIATAMENTE as redes (seu ganha pão). (Mt. 4,18-22) De todos os bens materiais, como o Jovem Rico. (Mc.10,17-28)
1.2. ACIMA DA FAMÍLIA
Sobre isto Cristo não deixa a menor dúvida ao afirmar: “Quem ama seu pai, ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho, ou sua filha, mais do que a mim, não é digno de mim”. (Mt. 10,37)
Outras vezes Jesus deu a entender a mesma coisa, quando o jovem que queria ser seu discípulo, mas lhe pediu para enterrar seu pai: "Deixe que os mortos enterrem seus mortos. Tu, porém, vem e me siga" (Mt.8,21-22; Mc.8,34). Os primeiros discípulos, convidados por Jesus, abandonam IMEDIATAMENTE .... o pai. (Mt. 4,18-22; Mc.1,16-20;)
1.3. ACIMA DE SI MESMO E DA PRÓPRIA VIDA:
"Se alguém quiser me servir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar sua vida perdê-la-á, mas quem perde sua vida, por causa de mim e da Boa Notícia, vai salvá-la. Com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? Que é que um homem poderia dar em troca da própria vida ?" (Mc. 8,34-38; Mt.10,39).
2. NÃO PAZ, MAS ESPADA
Uma vez que os valores do mundo não concordam, mas, na sua quase totalidade, são contrários aos valores de Cristo,vivem se digladiando e se justifica o que ele disse: "Eu não vim trazer a paz, mas a espada, a divisão e o conflito, que já começam dentro da própria família: "Vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe e os inimigos do homem serão seus próprios familiares" (Mt.35,34-36). Quando fala sobre João Batista, depois de rasgar-lhe um elogio, fazendo alusão à sua austeridade, Jesus disse: "O Reino dos céus sofre violência e só os violentos o tomarão de assalto". (Mt. 11,22)
Por isso a aceitação da cruz é condição imprescindível para sermos discípulos de Cristo. (Mt. 10,38; Mc. 8,34)
3. SOMOS PROPRIEDADE DE CRISTO
À primeira vista, principalmente por causa deste antagonismo radical entre valores do mundo e valores cristãos a doutrina de Cristo parece radical e absolutista do "O estado sou eu! A lei sou eu! Mas a radicalidade e o absolutismo se esvaem se lembrarmos que Cristo nos criou e Cristo nos libertou. Duplamente somos PROPRIEDADE DELE: Antes de existirmos, Ele nos deu a vida. Depois de mortos nos ressuscitou, em sua morte e ressurreição. Quer queiramos, ou não, quer gostemos ou não Ele é nosso DONO, com o direito de fazer de nós o que quiser e nós sua propriedade com obrigação de nos sujeitarmos a Ele, em tudo! E isto deve ser uma glória.
4. CRISTO SE IDENTIFICA CONOSCO
À primeira vista, esta verdade também espanta, mas também é outra verdade que, como já vimos, Paulo proclama claramente: "Não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20; "O sentido de minha vida é Cristo e morrer é lucro" (Fl.1,21). Isto Paulo aprendeu na dura experiência de Damasco, em perseguição ferrenha aos Cristãos, quando Cristo o derrubou do cavalo o deixou cego e lhe disse: "Saulo! Saulo! Porque me persegues"! (At.9,1-5)
Por isso Cristo se identifica com quem nos recebe, com o profeta, o justo, e, principalmente com o mais pequenino, hoje diríamos o excluído, a quem dermos, nem que seja um copo de água fria. (Mt.10,42)
5. SÃO BENTO E A MORTE AOS VALORES DO MUNDO
É claro que de tudo o que aprendemos de Cristo, não podemos concluir que Ele seja contra a Família, as riquezas e a vida, uma vez que já o escutamos dizer, para nos tranquilizar, que ele valoriza nossa vida mais do que a vida dos pardais, dos urubus e das plantas, tomando cuidado até de nossos cabelos (Mt.10,31).
O que Cristo quer nos fazer entender, através de comparações fortes e proféticas é que devemos ter critério de valores, dando a cada um o lugar que ele merece, não colocando nada nem ninguém, antes, acima, ou ao lado do primeiro e verdadeiro valor, que é ELE. É a esta atitude de dar mais valor às pessoas, coisas, ideias e qualquer outro valor, que damos o nome de IDOLATRIA e não propriamente à adoração de imagens.
Também o que vimos não deve ser interpretado no sentido literal de assumirmos o heroísmo de desprezarmos nossa vida, renunciarmos a família e às riquezas, a não ser quando tivermos que escolher forçados pelos inimigos de Cristo, ou a convite do próprio Cristo ENTRE Ele, OU algum destes valores. É a questão do MARTÍRO OU DA VIDA CONSAGRADA, EXCLUSIVAMENTE A CRISTO, pelos três votos de Pobreza, renunciando a todos os bens, de castidade, renunciando ao amor exclusivo por uma pessoa, para o amor e serviço a tempo integral a comunidade cristã e obediência fazendo de Cristo o valor absoluto de minha vida.
Deus pode chamar (Vocação) algumas pessoas, especialmente escolhidas por Ele, para este estado heróico de vida, para cuja realização ele dá sua graça. São Bento foi um destes, que ouviu o chamado de Deus para uma vida ainda mais heróica do que a vida religiosa comum. Chamando-o inicialmente à vida eremítica, ou seja : viver sozinho no deserto (êremo) e depois para a mesma vida, mas em comunidade, junto com outros monges, para ensinar-nos o valor do SILÊNCIO, no meio da poluição sonora do mundo e a prática DA VIDA ESPIRITUAL, num mundo materializado e materialista.
6. O CONTRA-VALOR DOS FARAÓS
Ao lado do valor-modelo luminoso de São Bento, temos o desvalor tenebroso dos Faraós do Egito, que, através dos mais hipócritas motivos e as mais sórdidas razões invadem e colocam nações inteiras sob o regime da escravidão mais vergonhosa e desumana se acobertando sob a pele da liberdade e luta contra o terrorismo.
7. CRISTO-SENHOR E OS RIBEIRINHOS
É a consciência deste valor absoluto de Cristo, sobre tudo e todos, que dá à Igreja a obrigação de levá-lo ao conhecimento de todos e principalmente daqueles que não o conhecem, ou o conhecem muito precariamente.
Este é o sentido, a importância e necessidade do trabalho missionário.
Do lado dos Ribeirinhos, à obrigação por parte da Igreja, corresponde à obrigação de valorizar este conhecimento de Jesus Cristo, a pessoa e o trabalho do missionário, especialmente chamado por Cristo para isto.
Não se ama e, menos ainda, se leva a prática, o que não se conhece? Como amará a Cristo e o levará à prática de sua vida, colocando-o acima de todos os valores, aquele que não o conhece, ou tem dele um conhecimento muito rudimentar? E como conhecerão este Cristo, se ninguém o anuncia? A fé depende da pregação e a pregação é o anuncio da palavra de Cristo. (Rm.10,14-17)
Peçamos pois, a Cristo, que não deixe de nos enviar bons missionários, com saúde e disposição necessária para este árduo trabalho e a todos nós ribeirinhos a valorização da missão, do missionário e do seu trabalho.
MÃE RIBEIRINHA ROGAI POR NÓS !
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