terça-feira, 23 de agosto de 2011

15a SEMANA DO TEMPO COMUM : 12 / JULHO / 2011


TEXTOS: Ex. 2,1-15; Mt.11,20-24.
  
    Os textos da missa de hoje nos oferecem muitos pontos de reflexão:

    1. OS  FRACASSOS DE  JESUS

    Temos tendência de pensar que a vida pública de Jesus foi uma série contínua de sucessos, coroada sempre com a admiração e aplauso do povo, que o clamava como Messias. Mas não foi bem assim, não. Jesus sempre teve, pegando no seu pé, os Fariseus, que o questionavam, discutiam com Ele e lhe ofereciam ferrenha oposição. Faziam-lhe perguntas capciosas e várias vezes tentaram matá-lo e se não o fizeram, foi com medo do povo. (Mc.12,12-13. Jo.11,47-54; 10,19-21; 8,59; 7,29-32.43.44; Lc.11,53-54; 4,29-30)

   De modo particular o Evangelho de São João é todo montado para mostrar este conflito, irreconciliável, entre  a ideologia dominante dos judeus e a doutrina de Jesus, que ele resume nesta frase, do prólogo do seu Evangelho: "A palavra estava no mundo. O mundo foi feito por meio dela. Mas o mundo não a conheceu. Ele veio para sua casa, mas os seus não a receberam." (Jo.1,10-11) 

   No Evangelho de hoje Jesus, que nunca deu maior importância à resistência dos Fariseus, Sumos Sacerdotes e membros do Sinédrio, recrimina duramente  a renitência das cidades, que ouviram sua pregação, viram a maior parte de seus milagres e não lhe deram ouvidos, nem se converteram. Jesus as coloca abaixo de Tiro e Sidônia, Sodoma e Gomorra, que não tiveram a chance que estas duas cidades tiveram.

    2. Deste primeiro ponto de reflexão, acho que podemos tirar ao menos quatro reflexões:

2.1. HORA DE REVISÃO
   
     Os fracassos de Jesus são um motivo de consolo para nossos momentos de fracasso. O ser humano, por melhor que seja não é perfeito. Tem seus limites. Jesus, querendo ser homem, não de mentirinha, mas de verdade, teve que assumir também nossas limitações. Também nelas foi modelo para nós.
    A hora do fracasso é a hora da humildade. Do reconhecimento de nossa pequenez e de nosso espírito de luta, que deve nos levar a parar, pensar, ver no que falhamos e se o fracasso dependeu de nós, ver no que erramos e o que temos que fazer para melhorar e não errar de novo. Nossa vida é feito de erros e acertos e é a isto que chamamos processo de conversão. Atitude errada seria, frente ao fracasso, desanimar e desistir da luta.
     Nosso grande poeta, Gonçalves Dias, já dizia: "A vida é um combate, que os fracos abate !  Aos forte e bravos só pode exaltar !"

2.2. HORA DA RESPONSABILIDADE

PESSOAL:

   Se olharmos bem, não foi Jesus que fracassou, mas as cidades que, ouvindo sua doutrina e vendo a maioria de seus milagres, não lhe deram ouvidos nem se converteram.
   Dizem que Santo Agostinho dizia: "Eu tenho medo de Cristo que passa!" Se por um lado, o fato de ficarmos cegos e surdos a passagem e à voz de Cristo revela que somos livres, e podemos fazer opções e decidir, até contra nós mesmos, por outro lado este fato também revela que devemos ser responsáveis, isto é: tomar a sério a vida e a Cristo e não brincar com eles, esbanjando os talentos que recebemos, correndo o risco de por em perigo nossa felicidade e a felicidade de nossos irmãos.
    Chamando nossa atenção para isto, Cristo contou a parábola dos talentos, lembrando que Ele não exige que produzamos  mais do que recebemos, mas também nos alerta para o fato de que o mal ou o não uso de nossos talentos podem nos deixar mais pobres. "Tirem dele o único talento que recebeu e dai-o ao que tem dez. Porque a todo aquele que tem será dado mais e terá em abundância. Mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado! Quanto a este empregado inútil atirai-o fora, na escuridão, onde haverá choro e ranger de dentes" (Mt.25,14-30) 

NÃO SE DESPREZA IMPUNEMENTE O DOM DE CRISTO! 

    Esta é a razão PELA qual São Paulo nos diz: "Continuem trabalhando com temor e tremor para a sua salvação!" (Fl.2,12)

     SOLIDÁRIA:

    Bem antes de ser escolhido para liderar o movimento de  libertação de seus irmãos, Moisés já manifestava grande solidariedade para com eles , a quem visitava, sensibilizando-se por sua aflição, provocada pela escravidão, matando um egípcio que maltratava um de seus irmãos, tentando apaziguá-los e tendo que fugir das iras de Faraó, que queria matá-lo.
   De Cristo aprendemos que o seu mandamento é amar-nos uns aos outros. "O meu mandamento é este, amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês" (Jo.13,34; 14,12) Ora o amor ao irmão se manifesta em solidariedade para com ele, principalmente no bom uso e seus talentos.

2.3. APESAR DE NOSSAS LINHAS TORTAS

     Aprendemos também, na experiência de Moisés e de Jesus que nossos erros, oposições, recusas, não impedem nem mudam os planos de Cristo, nem o impedem de realizá-los. O povo tem dois provérbios que dizem: "Deus age certo por linhas tortas", que eu digo: “Deus age certo APESAR de nossas linhas tortas”. O outro diz: "Há males que vem para  bem".
  
    A venda de José, como escravo, ao Egito se tornou o meio de salvação para sua família no tempo da fome.
    O decreto de Faraó, mandando matar todos os menininhos judeus levou a mãe a colocá-lo no rio Nilo, onde a princesa o viu, entregou para a mãe judia.  Moisés já crescido viveu no palácio e fugindo foi escolhido por Deus par liderar o movimento de libertação de todo o seu povo.
    Mas a prova maior disto é o próprio Cristo, que, contestado, perseguido, morto e sepultado, justamente no seu fracasso, quando parecia que tudo estava acabado, sua ressurreição foi seu grito de vitória retumbante contra todos os seus inimigos, ao ponto de  chamarmos "feliz a culpa de Adão", cantando, com toda a Igreja, ao celebrar esta vitória da ressurreição, na Vigília da Páscoa:  "Ó PECADO DE ADÃO INDISPENSÁVEL, pois o Cristo o dissolve em seu amor ! Ó CULPA TÃO FELIZ, que mereceu a graça de um tão grande redentor !"
2.4. NÃO BASTA SER, É PRECISO VIVER
     Finalmente do mau exemplo das cidades de Corazin e Betzaida, aprendemos que não basta e o que conta não é  SER Cristão, mas VIVER como cristãos. "Nem todo aquele que me DIZ: Senhor ! Senhor ! entrará no Reino dos Céus, mas aquele que FAZ a vontade de meu Pai que está no céu. Naquele dia muitos me dirão:  Senhor ! Senhor! Não foi em teu nome que profetizamos?! Não foi em teu nome que expulsamos os demônios?! E não foi em teu nome que fizemos tantos milagres?! Então eu vou declarar a eles: Jamais conheci   vocês ! Afastem-se de mim, malfeitores !" (Mt.7,21-23).   
    O povo de Corazin e Betzaida  eram judeus, ouviram Jesus, viram seus milagres e apesar disso não se converteram. Um dia Jesus disse  a um grupo de autoridades judaicas, que se gabavam de serem descendentes de Abraão: "Eu sei que vocês são descendentes de Abraão, no entanto estão procurando me matar, porque minha palavra não entra na cabeça de vocês...Vocês também devem fazer aquilo que ouvem do Pai de vocês" (Jo. 8,39). "Muitos, que agora são os primeiros, serão os últimos  e muitos que agora são os último serão os primeiros" (Mt. 19,30)
NÃO BASTA SER BATIZADO! É PRECISO VIVER COMO BATIZADO!


     Grande maioria dos que estão no inferno é batizada, se diziam cristão, mas não viveram o que acreditavam!
"AFASTAI-VOS DE MIM! NÃO OS CONHEÇO!"
  
3. E OS RIBEIRINHOS?!
    Diante do que vimos, compete a todos nós e aos Ribeirinhos nos perguntarmos:
3.1 Qual é minha atitude diante dos meus fracassos, carências, dificuldades? Desânimo, entro em complexo de inferioridade, ou reviso e reconheço meus erros, procuro levantar a cabeça e continuar na luta, renovando minha fé e confiança em Cristo?
3.2. Qual a minha responsabilidade ante a missão e os dons que Cristo me confiou? Não estou nem aí? Levo na brincadeira? Tomo a sério?
3.3. Sou solidário com meus irmãos, principalmente nas suas horas de problemas, doenças, dificuldades, ou sou defensor da ideia: "Cada um por si e Deus por todos!"?
3.4. Sou cristão, ou vivo como cristão?
     Que Cristo, por intercessão de sua Mãe, nos ajude a reconhecer nossos erros e fracassos e a tentar corrigi-los. Nos faça responsáveis por nossa missão, usando bem os dons que recebemos. Sejamos solidários, para, não apenas sermos, mas vivermos como Cristãos. 
MÃE RIBEIRINHA, ROGAI POR NÓS !

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