terça-feira, 24 de maio de 2011

UM HOSPITAL FLUTUANTE


Antes de começarmos falar sobre a História da Missão, achamos necessário contar a história do BARCO-HOSPITAL, principal instrumento de trabalho, especialmente no setor da saúde.

COMO SURGIU:
     O BARCO HOSPITAL é fruto de três convicções:
Barco - Hospital Stos Marcelina - Afonso
    Primeira: a evangelização, para atingir um ser bi-dimensional, tem que ser também bi-dimensional, ou seja, integral, atingindo o ser humano em suas duas dimensões transcendental, religiosa e espiritual e em sua dimensão material, corpo e saúde, como já vimos.
    Segunda: tal trabalho, a nível de saúde, é responsabilidade primeira do estado, ou governo municipal, estadual e federal. Mas quando este é omisso, impotente, ou irresponsável, tal responsabilidade recai subsidiaria e paralelamente  sobre as Igreja e a Missão.
     Terceira: Acresce a esta duas a situação de total abandono em que vive a população ribeirinha, agravada por sua localização geográfica de distância, isolamento e de difícil acesso, como é o caso, como já vimos, da população, destinatária do trabalho missionário de atendimento e assistência, na área da saúde.
    Em se tratando de uma população distante e isolada, compreendeu-se logo que um trabalho fixo não satisfaria aos objetivos desejados, atingindo, então só uma pequena minoria. Exigia, então, um trabalho, como o da assistência religiosa:  móvel e personalizado, de casa-em-casa. Daí surgiu, imediatamente, a consciência da necessidade de um Barco-Hospital, com consultório médico, para, até, pequenas cirurgias, um gabinete dentário, não só para extrações, mas para recuperação, um laboratório, para exames de rotina e farmácia.
      TEMPO: Para as ideias se concretizarem em ação concreta demorou-se seis anos, começando-se o trabalho de construção em Maio, sendo concluído em Agosto de 1999.
    MATERIAL: Tal barco foi todo construído com madeira itaúba preta, própria para barcos, por que resistente a chuva e ao sol.
    TAMANHO E MEDIDAS: por sua função de atendimento a saúde e as medidas fornecidas por seus respectivos profissionais: médicos, dentistas,  bioquímicos, vigilância sanitária, além do espaço, exigido pelo alojamento de todo este pessoa e tripulação, foram exigidos 19 metros de comprimento por 05 metros de largura. 
    CUSTOS E RECURSOS: Como a missão não tem recursos, nem fonte de renda, tal empreendimento só seria possível com ajuda externa.
  Incluindo voadeira, com o motor, e conjunto gerador, só a construção do barco, com material e mão de obra, orçou em 120.000,00, sem contar os equipamentos. Tal quantia foi doação do "Adveniat", entidade dos católicos alemães, para ajuda às obras sociais de países pobres. (25 %).
A "Central do Dízimo", Entidade filantrópica de médicos não católicos colaborou com outros 25% e os outros 50% foram doações de amigos e colaboradores de São Paulo.
     As duas cadeiras de dentista, com o aparelho de Raio X e todos os aparelhos do laboratório foram doação da Prefeitura e Câmara de Vereadores de Pederneiras, minha cidade natal.
     Aproveitamos a ocasião para agradecer, de coração, a todos os que colaboraram neste empreendimento.
Missão do ANAMPRA - Semana Santa em 2000


Missão Saúde ANAMPRA
    USO: Como vemos, então, este barco só pode ser usado para o fim a que foi destinado, ou seja: o atendimento à saúde dos ribeirinhos. Não é, pois, barco de turismo, nem para transportar passageiros, ou outros fins. Depois de pronto, no início, este trabalho de atendimento à saúde dos ribeirinhos era  feito com ajudas espontâneas de amigos e colaboradores. No Governo de Ivo Cassol, foi feito um convênio com a ANAMPRA (Associação Nacional de Apostolado Missionário para Ajuda às Populações Ribeirinhas Amazônicas) que criamos para atrair e administrar recursos para este trabalho da missão. No atual Governo de Confúcio Moura, dependendo dos recursos que ele nos conceder, pretendemos, de dois em dois meses, visitar todas as famílias ribeirinhas as margens dos rios Mamoré, Guaporé e afluentes, para atendimento à sua saúde.
O  BRASÃO
    Logo à entrada do Barco-Hospital há um brasão, ou escudo que, como o nome, pretende resumir os motivos e a história, que deram origem a esta missão.
    Neste brasão estão unidos dois Brasões: o da Congregação Redentorista, da qual faço parte e o da Congregação das Irmãs Marcelinas, em cujo colégio de São Paulo, Perdizes, eu trabalhei 12 anos.
    O Brasão da Congregação dos Missionários Redentoristas é formado por três cruzes, encimando três montes, lembrando o calvário, onde foi crucificado Jesus e os dois ladrões e onde se deu a COPIOSA REDENÇÃO de TODOS: lema escolhido por santo Afonso, fundador da Congregação Redentorista, contra outra corrente teológica do tempo, que afirmava que a redenção, realizada em Cristo e por Cristo não será suficiente para todos, mas só para pouca gente, escolhida por Cristo.
   O Pe. Viana, como já dissemos conheceu e decidiu-se por esta missão inspirado no projeto de Santo Afonso, que fundou a Congregação para evangelizar os EXCLUÍDOS, ou seja os deserdados, como Cristo, pela cidade de Belém. Para isto ele abandonou 72 comunidades de pobres, que fundara e das quais cuidava, na grande cidade de Nápoles, para ir evangelizar as famílias dos criadores de cabras, que viviam nas montanhas, da cidade de Scala, mais ao sul da Itália, longe umas das outras, esparsas e isoladas, como os ribeirinhos de Rondônia, onde o Pe. Viana escolheu para trabalhar e fundou sua missão.
    Os três montes,com as três cruzes, têm,logo acima um grande olho, dentro de um triângulo, que tradicionalmente simboliza o Divino Pai Eterno e a Santíssima Trindade. A coroa simboliza a realeza de Jesus, confirmada pela sua morte e ressurreição. O lema "Junto dele a salvação é copiosa", ou seja: suficiente para TODOS, é o grito missionário de Afonso e dos Redentoristas, que motiva e dá sentido à sua filosofia de vida.
    A Congregação das Irmãs Marcelinas tem, também um brasão muito semelhante ao dos Redentorista, formado por um monte, onde está fincada uma cruz, da qual saem duas lanças, lembrando a morte de Cristo, para nossa libertação. 
    Do lado esquerdo de quem olha para o quadro está a letra  "I" de IRMÃS e do lado direito, de quem vê o quadro está a letra "M" de Marcelina.
O  NOME  DO  BARCO
     Depois de pensarmos muito, que nome daríamos ao Barco-Hospital, para satisfazer as exigências da Capitania Marítima, decidimos inventar um nome que unisse as duas razões e resumisse a história que me sugeriram esta missão: a INSPIRAÇÃO do carisma Alfonsiano e a OCASIÃO oferecida pelas Irmãs Marcelinas.
    Eu trabalhava já há 11 anos no Colégio Santa Marcelina, como Coordenador do Departamento de Educação Religiosa e quando esta Congregação completou 150 anos, as Irmãs do mesmo Colégio em Porto Velho me convidaram para vir animar as celebrações deste Jubileu. Aqui, através do Pe. Ludovico, Comboniano, tomei conhecimento da realidade ribeirinha e decidi abandonar, tudo, em São Paulo, como Santo Afonso, em Nápoles e vir trabalhar aqui exclusivamente com os excluídos, na pastoral ribeirinha, primeiramente no Baixo Madeira e de quatro anos para cá no Vale do Guaporé-Mamoré. Eis por que o Barco-Hospital tem o nome de MARCELINA.
    O carisma de Afonso que deu origem a Congregação redentorista foi a INSPIRAÇÃO. Já contamos esta história. Assim temos o nome AFONSO, completando o nome do Barco: S A N T O S:  M A R C E L I N A - A F O N S O.

    Pe. Francisco Lenine Viana Pires CSSR  

Um comentário:

  1. Padre!!! Nossa, que chato esse roubo, hein??? A sorte que foi so combustivel... Lembrei do que houve com o Sr. no caminho. Os ladroes estao lhe perseguindo...
    Muito legal o barco hospital. Um dia gostaria de conhecer.
    Beijo,
    Fernanda van der Laan

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