TEXTOS:
Ex.40,16-21.34-38; Mt, 13,47-53
INTRODUÇÃO:
1. PROCURANDO SENTIDO
INTRODUÇÃO:
1. PROCURANDO SENTIDO
Nas reflexões sobre
os textos da liturgia eucarística de ontem já falamos sobre a distinção e
diferença entre liturgia e catequese. Por ser um momento celebrativo e não
catequético os textos das leituras não têm uma correlação temática. Muitas
vezes, aparentemente o texto de uma leitura nada tem a ver com o texto da outra
ou do evangelho. É o caso das leituras de hoje.
Nós, que estamos
preocupados de estabelecer esta correlação, é que temos que procurá-la, sem
forçar, nem mudar o sentido do texto, mas esquecendo, muitas
vezes, seu sentido literal e buscar um sentido, frequentemente
escondido, subentendido, ou latente nas entrelinhas.
É o que temos que fazer para descobrir
a ideia força e central da liturgia de hoje.
2. GRANDE SEMELHANÇA
O Evangelho de hoje
é em tudo semelhante à parábola do Joio e do Trigo, só tem uma
diferença: lá se faz o julgamento tanto do joio como do trigo. Aqui
se menciona só a condenação dos peixes maus. É a partir destas diferenças que
se nota como a revelação não se dá fora, mas a partir e determinada por uma
realidade concreta e específica. As circunstâncias de tempo, espaço e
destinatários dentro e para as quais Jesus dirige a parábola do joio e do
trigo e os objetivos que pretende são uns. As circunstâncias em que é
contada a parábola da rede. O que Jesus pretende e a quem quer
atingir devem ser outros. Esta pode ser a causa da diferença. Por
isso, antes de descobrir o sentido da palavra revelada, deveríamos estudar
a realidade-endereço para a qual é destinada e que a determina. É o que
chamamos de dimensão, ou contexto histórico e sociológico da
revelação, que não nos interessa agora.
MENSAGEM DO 17o.DOMINGO COMUM
TENDA E REDE
A primeira leitura
continuando, a ler o livro de Êxodo, relata como Moisés dirige o término da
construção do Templo, conforme as ordens de Javé. Estendeu a tenda sobre ele e
dentro dela a arca contendo o documento da Aliança do Senhor com seu povo.
Uma nuvem cobriu a tenda e a Glória do Senhor encheu o santuário. O
Santuário-tenda era portátil, para que pudesse acompanhar o povo por onde o
povo andasse. Presença contínua e inseparável. De dia uma nuvem pairava
sobre o Santuário e à noite se transformava numa chama de fogo. Os
judeus só se punham a caminho depois que a nuvem se levantasse. Sem a
presença de Deus nada faziam.
O evangelho nos
conta a parábola da rede, que os pescadores laçam ao mar e pegam peixe de toda
qualidade. Depois de cheia puxam a rede e, sentados na proa, começam
a selecionar os peixes, colocando os bons em cestos e jogando fora os
maus. Jesus termina a parábola dizendo que no fim do mundo acontecerá a
mesma coisa: uma seleção dos bons e dos maus, sendo os maus lançados
num fornalha de fogo.
No final
Jesus conta outra parábola comparando todo escriba convertido para seu
discípulo, a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e
coisas velhas.
Que experiência de
vida podemos tirar destes dois textos do livro do Êxodo e do
Evangelho da Comunidade de Mateus?
A palavra de Deus é
muito rica das mais variadas experiências de vida. De um mesmo texto
podem-se tirar variadas mensagens que iluminam as mais diversas situações
de nossa vida.
Para a situação que
estou vivendo no momento, os textos que a liturgia de hoje apresentam, me
sugerem a seguinte mensagem de vida:
1. EMANUEL: DEUS CONOSCO
Para mim o nome que
melhor diz quem é Deus é aquele que o próprio Deus disse que o povo
lhe daria: "EMANUEL": "DEUS ESTÁ CONOSCO".
"Disse Deus a Acaz: "Pois saibam que o próprio Javé lhes dará um
sinal". Uma jovem conceberá e dará à luz um filho,que será chamado "
EMANUEL" : Deus está conosco (Is. 7,14).
Quem ama, quer
estar junto. Este incompreensível amor de Deus que não o deixa
desistir do desejo de estar conosco já vem de longa data: Podemos dizer que
já começou na criação, quando ele nos deu a existência e nos fez
participantes de seu ser e de sua vida, criando-nos à sua imagem e
semelhança: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança...,.E Deus criou
o homem à sua imagem. Á imagem de Deus Ele o criou" (Gen.1,26.27).
O filho leva sempre
o pai junto de si, por que tudo o que tem é herança biológica do pai.
Assim, criando o homem e cunhando-o à sua imagem, Deus está sempre junto dele
2. O SANTUÁRIO
Desde Moisés Deus
já revelou seu desejo de construir um Santuário, para tornar mais
visível, real e sensível sua presença no meio do seu
povo: "Faça um santuário para mim e eu habitarei entre eles"
(povo) (Ex.25,8).
Justamente esta
proximidade de Javé é o motivo pelo qual o povo pode se orgulhar e
provar perante todas as nações, que seu Deus é Deus verdadeiro: "Que
grande nação tem um deus tão próximo como Javé, nosso Deus?!"
(Dt.4,7) Esta era, justamente, a característica do povo Judeu, no meio das
demais nações: nas demais, os deuses estão nos seus olimpos. Distantes,
desconhecedores e desinteressados dos problemas do povo. O Deus dos Judeus não
é um Deus distante, nem indiferente, mas alguém que armou sua barraca
ao lado das barracas do povo, o acompanha passo a passo e luta com ele.
3. CRISTO DEUS EM CARNE E OSSO
O Novo Testamento
registra um passo à frente neste incomensurável amor de Deus para conosco. No
desejo de se aproximar da humanidade, se fez próximo dos Judeus, no
meio do Povo, entre o Povo. Em o Novo Testamento Deus vai mais
longe. No seu projeto de estar perto de nós, resolve ser
um DEUS-NÓS. UM DE NÓS. RESOLVE VIR PESSOALMENTE A TERRA, REVESTIR-DE DE NOSSA
CARNE E SER HOMEM COMO NÓS. IDENTIFICAR-SE CONOSCO.... “e a palavra era
Deus...E a palavra se fez homem e habitou entre nós". Agora Deus não mora
mais em templo de pedra, nem em tenda de pano, mas assume
nossa carne e se faz gente. Não mora mais NO MEIO , ou ENTRE nós. Mas É UM DOS
NOSSOS, UM DE NÓS. (Jo, 1-18) Filho de uma mulher, como nós "Quando, pois,
chegou à plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma
mulher".(Gal.4,4)
4. CRISTO UM DE NÓS
Mas a iniciativa de
Deus é mais ousada ainda. Decidido a ir ao infinito de seu amor se decide
não apenas a ser um homem a mais, mas SE IDENTICA CONOSCO. TRANSFORMA-SE EM NÓS
E NOS TRANSFORMA NÊLE, ao ponto de São Paulo poder dizer: "Eu vivo, mas
não sou mais eu quem vive, é Cristo que vive em mim. E esta vida, que
agora vivo, eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por
mim" (Gl.2,20) "O que desejo e espero é não fracassar, mas agora como
sempre, manifestar com toda a coragem a glória de Cristo em meu corpo, tanto na
vida como na morte. Pois, para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro"
(Fl.1,20-21).
5. CRISTO-NÓS: COMUM UNIDADE
Ora, como Cristo é
um só, todos os que se identificam com ele se tornam UM, entre si, em comum
união (comunhão), comum unidade (Comunidade). É o que chamamos IGREJA,
que não é construção material, ou pura união afetiva, ou grupo de
amizade, de interesses, de ideias e ideais, mas unidade no SER.
"Embora sendo muitos formamos um só corpo em Cristo, e, cada um por sua
vez é membro dos ouros " (Rm.12,5) "O pão que
partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo?. E como há um só pão,
nós,embora muitos,somos um só corpo, pois participamos todos deste único
pão" (1Cor, 10,16-17). Foi o que Jesus nos deixou como última oração,
sua oração mais linda, a oração chamada sacerdotal a
oração-testamento, antes de sua morte: "Eu não peço só por estes
(os apóstolos), mas também por aqueles que vão creditar em mim por causa
da palavra deles, (e entre estes, nós) para que todos sejam um, como tu
Pai estás em mim e eu em ti. E para que “TAMBÉM ELES ESTEJAM EM NÓS,...PARA QUE
ELES SEJAM UM COMO NÓS SOMOS UM. EU NELE E TU EM MIM PARA QUE SEJAM
PERFEITOS NA UNIDADE.... E EU MESMO ESTEJA NELES" (Jo. 17,20-26).
A missão e função
desta igreja é missionária: convidar, arrebanhar, e dar chance a todos, COMO
UMA REDE. Para levar todos à salvação, pela fé em Cristo e seu evangelho.
Mas este convite não pode ser coação, nem obrigar quem quer que seja a
aderir à fé, uma vez que esta tem que ser opção pessoal, consciente e
livre a Cristo, e à comunidade, sua Igreja. Por isto, como numa rede,
na Igreja sempre será comunidade de bons e maus, santos e pecadores, fazendo-a,
também e por isso, santa-pecadora.
Mas a Igreja
também, com razão, pode ser comparada à ARCA, que continha dentro de si o
documento da aliança: as TÁBUAS DA LEI. A Igreja é depositária e
guardiã do EVANGELHO: CAMINHO, VERDADE E VIDA, que é Cristo. Critério
do bem e da verdade, que nos julga e deve ser desde já, como o será
definitivamente depois da morte, o critério que nos indica o bem e o mal,
o bom e o mau, ajudando-nos a saber separar o bem do mal, os bons dos
maus, a quem escolher e a quem seguir.
6. O PAN-CRISTIANISMO, OU CRISTIFICAÇÃO
UNIVERSAL-CÓSMICA
Mas o que estamos
cada vez entendendo melhor é que Jesus, se encarnando, não se identifica só com
a humanidade, mas com toda a criação, por que toda a criação é obra de Deus,
foi criada e redimida por ele e, portanto, é FILHA DELE e NOSSA IRMÃ.
ASSUMINDO NOSSA CARNE, CRISTO ASSUMIU TODA A NOSSA REALIDADE, NOSSO TEMPO,
NOSSA HISTÓRIA. Revelando a integralidade do ser
humano, que não é só corpo e matéria, nem só espírito e vida moral,
espiritual, mas tudo isto ao mesmo tempo, mais tempo, história, acontecimento.
TEMPLO É, POIS, O MUNDO, A NATUREZA, O COSMOS. É isto que obriga o ser, a
vida humana, a igreja e de toda a criação ser DIÁLOGO,
EM COMUNHÃO UNIVERSAL, CÓSMICA. E é POR ISSO QUE NADA
RELACIONADO AO SER HUMANO PODE SER PENSADO, INTERPRETADO E
FALADO a não ser em relação com esta sua TOTALIDADE e nesta totalidade, COM
CRISTO. Foi este processo que Teilhard Chardin classificou como CRISTIDIFICAÇÃO
UNIVERSAL.
Esta
consciência revoluciona todo o conceito de Encarnação, Igreja e tudo o que
vimos nesta reflexão ......
PARA SE QUESTIONAR
1. Nós, PRINCIPALMENTE se moramos
AS MARGENS DOS RIOS, CERCADOS DE MATA, estamos aproveitando este
ambiente extremamente favorável à oração, à meditação e
à experiência de deserto, para experimentar a presença de Deus ?
2. Estamos conscientes
desta identificação de Cristo com todos os seres e esta consciência
alimenta em nós profundo respeito para com todos os seres?
3. Estamos conscientes de que mais
importante do que a igreja material,
como lugar de oração e recepção de sacramentos é a Igreja-comunhão e
comunidade?
4. A
consciência de Igreja-comunidade nos está levando à participação ativa na mesma e à
promoção da fraternidade?
5. Cremos na Cristificação de todos
seres, ou que tudo está em relação e comunhão com o cosmos e
procuramos pautar nosso modo de ver, pensar e viver por esta fé ?
O R A Ç Ã O
SENHOR! TEU AMOR
POR NÓS E POR TODAS AS CRIATURAS É TÃO GRANDE QUE FIZESTE TUDO PARTICIPAR DE
TUA VIDA. E NÃO CONTENTE COM ISTO, ARMASTE TUA BARRACA AO LADO DA
NOSSA, VIESTE AO MUNDO, PARA SER UM DOS NOSSOS, IDENTIFICANDO-SE CONOSCO
E QUERENDO QUE NOS IDENTIFICASSEMOS CONVOSCO, TORNANDO-NOS UM COM OS IRMÃOS, E
COM AS CRIATURAS COMO ÉS UM COM O PAI. ESTA É UMA REALIDADE QUE ULTRAPASSA
NOSSO ENTENDIMENTO E MUDA TOTALMENTE NOSSO MODO DE VER, PENSAR E TODO O NOSSO
COMPORTAMENTO. PEDIMOS SUA AJUDA, PARA QUE CONSIGAMOS TER ESTE MODO DE PENSAR E
AGIR, PARA QUE POSSAMOS TORNAR REALIDADE TUDO ISTO QUE CREMOS. AMÉM!
.
M Ã
E R I B E I R I N H A R O G A
I P O R N Ó S!
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